terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Amor e dor, de mãos dadas

O meu nome é Jandira Lopes, tenho 34 anos e sou mãe de 4 filhos. 1 menino e 3 meninas (os gémeos Gonçalo e Sara, a Margarida e a Madalena). Infelizmente, a Sara já partiu para o céu mas continuo a ser a sua mãe e um dia sei que voltaremos a estar juntas.
Tive a honra de ser convidada pela minha amiga Ana Valido para escrever sobre maternidade. O objectivo seria partilhar algo que eu achasse relevante sobre a minha experiência em ser mãe. Aceitei logo mas, confesso, quando comecei a escrever tive muita dificuldade, até bloqueei. O que é que eu posso dizer que seja importante para outras mães? Por onde começo?

Aos 21 anos engravidei de gémeos. Tínhamos casado, eu e o Bruno, apenas há um ano. Comprámos um T1, 1 carro comercial e eu estudava história da Arte enquanto trabalhava. Como jovens que éramos tínhamos tudo planeado. Comprávamos uma casa pequena, eu ia tirando o curso devagar, viajaríamos, mais tarde queria dar aulas e lá para os 28 pensava em ser mãe. Queria ter dois filhos, pelo menos.
De repente a vida surpreende-nos com o inesperado e tudo sai fora dos planos. - Está gravida de 8 semanas e de gémeos! -Uau! Mal tinha conseguido gerir o que tinha ouvido e aceitar aquela benção a dobrar. 17 semanas depois eu entrava prematuramente no hospital em trabalho de parto sem causa aparente e dei à luz dois bebés minúsculos com apenas 25 semanas e pouco mais de 500 gramas.
Lutavam entre a vida e a morte. Ali vi sofrimento a sério. Abruptamente sai da minha meninice e conheci e convivi com seres humanos insensíveis e maus e outros maravilhosos e inspiradores. A dor que sentia era igualmente intensa e infinita, como o amor de mãe deve ser. Andavam de mãos dadas amor e dor exactamente na mesma proporção. 
Foi nessa altura que aceitei Jesus na minha vida como meu Senhor e Salvador pois, afinal, eu precisava de forças, de salvação e luz e direcção. Seis meses depois de tantas dificuldades saí do hospital com uma menina linda, que apenas 1 mês depois de nascer ficou com um diagnóstico de paralisia cerebral gravíssima de quase 100% e totalmente dependente de mim, sem possibilidades de andar ou falar, e com uma grave epilepsia. Também saí com um menino lindo cujo diagnóstico dizia que iria depender de oxigénio artificial durante, não se sabia quanto tempo, e que convinha desde já mentalizar-me que esse menino iria andar sempre internado, com infecções respiratórias e etc. Já não podia mais ouvir mais nada daquilo. Era uma pesada sentença de desgraças, e o meu coração estava triste e partido, com uma força de mãe que só as mães têm e uma única esperança em Deus e no seu auxilio e a imensa vontade de honrar cada gota de sangue que os meus filhos perderam, cada picada (até perdi a conta) cada reanimação, cada operação, entubação, infecção, transfusão e muitos "ãos" e "ites" a que aqueles pequeninos seres sobreviveram, tão frágeis, tão valentes e tão limitados à sua condição mas que me deram tanto amor sempre que as suas mãos feridas e minúsculas se fechavam na cabeça do meu dedo, ou que o seu coraçãozinho acelerava apenas por eu chegar perto deles no hospital. 
Lembro-me que liguei à minha mãe, que foi quem semeou no meu coração que Deus é bom e que a salvação vem Dele, chorei muito! Dizia-lhe: - mãe não aguento mais a Sara tem um destino cruel e agora o Gonçalo vai estar sempre aqui internado dizem os médicos - . A minha mãe desligou e ligou-me 5 minutos depois com um recado. - Jandira, orei a Deus e Ele falou comigo e disse-me abre a Bíblia em Isaías 37:6. - O texto dizia: Não ligues ao que acabaste de ouvir, estas a ouvir filha?! DEUS disse não ligues ao que os médicos acabaram de dizer sobre o Gonçalo filha, acredita! Eu acreditei pois afinal só me restava a fé e a esperança que Deus iria cuidar de nós, pelo menos era a Sua promessa.
Mais tarde o Gonçalo, já livre do oxigénio, com uns 5 anos numa consulta de rotina de pneumologia, a Dra. disse aos seus alunos assistentes, ela e não eu: - Eu vi este menino nascer e ele passou por isto e aquilo (lá descreveu). Foi dependente de oxigénio por dois anos e não meses como eu previ e é um bebe milagre. Nunca foi internado e nunca teve nenhuma infecção respiratória. 
Deus é bom e cumpre tudo o que diz, cuidou de nós e mesmo não curando a Sara, deu-nos tudo o que precisávamos. A Sara foi muito amada e bem cuidada e estava sempre a sorrir. Ensinou-nos a todos a sermos pessoas melhores e mais sensíveis. Acredito que filhos especiais fazem pais e irmãos especiais. Ela mesmo sendo diferente e tão limitada deu-me tanto amor e ajudou-me a suportar uma vida difícil de luta, sonhos adiados, interrompidos, impossibilidade de fazermos coisas normais como ir ao cinema, ir à praia. Não podíamos porque ela era imunodeficiente  o que a fazia adoecer com frequência. Nunca deixei de sorrir porque aprendi com a Sara a não desistir de viver, e ela queria muito viver. Pelo contrario, aprendi a ser feliz na adversidade, a dançar na chuva e a ser feliz com muito pouco, a valorizar o que realmente importa.
Deus forjou-nos a nós, sua família, através do sofrimento e tornou-nos melhores pessoas como não seria possível de outra forma. Transformou tudo o que era mau em coisas boas. Na carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios diz no Cap. 2:9 A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.  
Eu não posso dizer que Deus às vezes decide não curar, porque não vi isso acontecer na Bíblia. Jesus sempre curou por onde passou. O que sei é que este versículo foi a Sua palavra para a minha vida muitas vezes e sim, eu vivi pela Sua Graça e Ele foi glorificado nas minhas fraquezas. Em todas as adversidades que vivi Deus tocou outros à minha volta. Hoje a minha família próxima é quase toda crente. Vi tantas maravilhas de Deus e fomos tão abençoados que não tenho aqui espaço para escrever tudo. Percebem agora porque que não sabia por onde começar? 
O que quero partilhar, de facto,  é que nos momentos de maior dor, vi Deus sempre os transformando em algo bom.
3 anos depois foi muito importante para curar esta ferida emocional viver o amor maravilhoso da maternidade sem dor. Fui mãe da Margarida, uma menina saudável com quem já vivi a experiência normal da maternidade em que saímos do hospital com uma bebé linda e saudável e com um enxoval todo preparado por mim. Pude descansar em paz porque Deus tinha-me revelado que eu iria segurar um bebé que eu embalava e sentiria só amor e não dor. 
A dor que eu sentia quando segurava na Sara era porque não iria andar nem falar, porque não brincava com o irmão, porque não segurava nos brinquedos. Com a Margarida apesar dos nossos medos e não ter sido uma gravidez planeada foi algo fresco e renovador, um presente de Deus não só para nós como país mas especialmente para os irmãos. 
O Gonçalo já tinha com quem brincar e a Sara tinha uma mana para a ajudar e estimular. Aconselho todos os pais que tiveram uma má experiência que, se possível, tenham outro filho. É bom para todos. Só vivendo isso dá para perceber. 
Deus levou a Sara sem dor e inesperadamente aos 7 anos de idade, num domingo durante o sono. Prefiro realçar como Deus cuidou de mim nessa altura, me ajudou e me carregou no colo durante aqueles dias de dor intensa. Vivi novamente dias parecidos com aqueles em que se deixa de ter uma filha saudável para ter uma filha que não iremos nunca conhecer qual a sua cor preferida, quais os seus sonhos, passos, conquistas e escolhas de vida. São momentos indescritíveis em que sentimos que um comboio nos atropela e não sabemos se vivemos ou se morremos.
Deus, na sua infinita bondade, salvou-me uma vez mais. Hoje vivo em paz com a perda da Sara. afinal sempre lhe pedi ou que a curasse ou que a levasse para perto Dele, onde não há dor nem doença. Pobres dos pais que não têm esta certeza. Só não esperava que fosse tão cedo e sem aviso prévio. Pode parecer duro uma mãe dizer isto, mas sabem, duro é viver uma vida em que estamos presas num corpo e que se nos entra uma pestana no olho temos de aguentar até que a nossa mãe repare. Podia descrever muito mais mas penso que esta imagem chega. Apesar de sempre sorrir para nós, a Sara sofreu e muito e eu pouco podia fazer. Isso mata-nos por dentro, ver um filho sofrer e sofrer todos os dias. Mas ela já não sofre mais e está feliz agora e isso consola-me e esta separação é só um "até breve".
Ainda em luto engravido, mais uma vez inesperadamente, da Madalena. Uma menina linda, saudável e até um pouco parecida com a Sara. Ninguém substitui ninguém, não é isso de todo! mas ela foi, sem duvida, um bálsamo consolador que Deus me deu! No livro de Job Cap. 42:12-15 diz: Desta forma o Senhor abençoou Job, no fim da sua vida, mais do que no principio. Deus deu-lhe igualmente mais outros sete filhos e três filhas e em toda a terra não houve raparigas tão encantadoras como estas filhas de Job.

Obrigada Deus por tudo o que me deste e no que me tornaste. Tu és a minha força. Tu transformas tudo o que está mal em algo bom.

por Jandira Lopes
Edição @Ana Valido

fotos cedidas por @jandy lopes

domingo, 11 de dezembro de 2016

Tive um bebé, o que mudou?

Mais uma vez, é tempo de reorganizar a gestão familiar e todos vamos ter de nos adaptar às mudanças.


Agora que estou quase, quase a regressar ao trabalho, olho para trás e parece-me que o tempo voou... O Simãozinho fez 6 meses e é tempo de reflectir e  de fazer um balanço dentro do meu coração dos acontecimentos do ultimo ano que mudaram radicalmente a minha vida e a da minha familia, para melhor! e agora que uma nova fase vai começar preciso mesmo desta análise para não me perder da minha identidade e do meu papel.
Os sentimentos são diversos mas basicamente dividem-se por um lado no desejo de voltar a uma rotina antiga e habitual, da qual sinto falta, por outro a perspectiva de deixar de estar 24/24 horas com a minha "estrelinha" dá-me um nó no estômago! Outro aspecto que constatei é que também vou passar menos tempo com a Beatriz e a minha disponibilidade para ela vai diminuir. E se o nó no estômago é familiar, este novo sentimento de "culpa" em relação à primogénita é um sentimento novo. Mais uma vez, é tempo de reorganizar a gestão familiar e todos vamos ter de nos adaptar às mudanças.
1 ano em casa fez-me estar mais próxima da Beatriz e muito atenta também ao seu dia a dia. Não quero perder este foco na minha filha adolescente embora agora tenha de me dividir entre 2 filhos e 1 deles muito dependente de mim. 
Fazendo o balanço do pós-nascimento do Simão, hoje quero escrever sobre as mudanças físicas que um novo bebé me trouxe aos 45 anos.


Mudanças Físicas


Peso - Já partilhei que ao engordar 23 quilos, o meu corpo chegou ao limite das forças. 10 dias depois do parto já tinha perdido 11 quilos mas 12 ainda cá estavam em cima destes pobres ossos que tanto me doíam. Estava muito frágil fisicamente, sem resistência e ainda muito cansada, tudo fruto do repouso a que fui obrigada. Certos alimentos cortei logo, como fritos, bolos, processados, enfim, todos os disparates que não me privei durante a gravidez. Mas só ao fim de 3 meses (12 Setembro) comecei com Paleo a sério e Low Carb. 5 quilos, já foram mas ainda faltam 7. Vou lá chegar assim que recomeçar a correr.
As minhas corridas foram outra consequência física. A malvada cesariana assim obrigou. Verdade que desta vez recuperei muito mais rápido mas durante 2 meses fui proibida de correr e caminhar demasiado depressa. Na ecografia que fiz passados 40 dias do parto, ainda tinha vestígios de sangue na sutura do útero. Ainda tentei correr (upss) mas as costuras internas logo deram alerta que era preciso esperar. Agora já faço caminhada sem qualquer desconforto, abdominais superiores e laterais na boa! O resto virá devagar.
A minha energia está no máximo! Durmo lindamente, não tomo quaisquer medicamentos. Sinto-me muito bem. Se bem que não estou a 100% ainda sou uma mãe muito enérgica e activa e isso deixa-me muito tranquila! Logo, logo, vou ter de começar a correr atrás deste rapaz! Tenho de me por em forma rapidamente!

Pele - Ai! a minha pele mudou tanto! Apareceram sinais e mais sinais! no rosto, pescoço, barriga, nas costas então!... Vou ter de os vigiar de perto a partir de agora, não estava habituada a fazê-lo. Um deles, no rosto, aumentou ficou com escama e estava inestético. Foi retirado em consulta de dermatologia com a técnica crioterapia (nitrogenio liquido). Estava na altura grávida de 13 semanas e fiz na Cuf Cascais. Correu lindamente. Noto passado este tempo que os sinais estão mais discretos mas não vão desaparecer. Também fiquei com queratose pilar nos antebraços. Esta é bem mais chata e lenta de tratar. Tenho de esfoliar no banho com luva de crina e hidratar bem com creme da Bioderma para peles atópicas (sou fã deste creme). O dermatologista assegura que no próximo verão, com o sol, vai desaparecer. Outras mudanças têm a ver com as velhas estrias... essas já tinha desde a 1ª gravidez e pouco há a fazer... Não ganhei estrias novas pois desta vez bebi muita água e hidratei até mais não poder, mas ficaram mais acentuadas. Também redobrei os cuidados com o peito e dormi sempre de soutien de ginástica. Aliás, só usei soutien de ginástica durante a gravidez. Sustentam muito bem, são reforçados, confortáveis e não têm arames. Hidratação também é essencial e também não faltou. 

Cabelo - Ui!!! a queda de cabelo! Enquanto amamentei várias vezes por dia, tudo bem com o meu cabelo. Assim que as mamadas diminuíram... o cabelo começou a cair. Desta vez ataquei logo o problema com a ajuda da minha amiga Vanessa Silva, com um produto brasileiro fantástico da Bioextratus. Ainda estou a usá-lo mas a queda parou em 2 semanas e os cabelos novos não tardaram a surgir. Agora uso para dar força aos novos cabelos, gosto muito e recomendo! Seja qual for a causa da queda, este produto ajuda de facto. O que também está a ajudar é o alisamento que voltei a fazer. Hidratou imenso o cabelo, que continua forte, e a manutenção ficou bem mais facilitada agora.


Unhas - As minhas ficaram fraquinhas mesmo. Para além da fragilidade estava com outro problema: o tempo para cuidar delas que já não tenho com um bebé. Não posso simplesmente esquecer as unhas porque a minha profissão exige que as tenha sempre cuidadas. Depois de muita hesitação e duvidas optei pelo gel e é o que uso desde Setembro. Estou fã das unhas de gel!... nunca tive as mãos arranjadas durante tanto tempo. Simplesmente não me preocupo mais e faço de TUDO! Não recomendo ninguém, por enquanto, porque ainda não fui conquistada pelas profissionais que já experimentei. Qualidade/custo é muito importante para mim e eu sou uma perfeccionista. Se me puderem recomendar alguém agradeço, meninas!

Rosto - Tinha de separar o rosto da pele. A pele do rosto e pescoço é muito especial e especifica e necessita de cuidados extra. Durante a gravidez, tive medo de ficar com manchas no rosto e para além disso surgiram sinais que não tinha. Também não saia muito de casa, mas sempre que saia, usava protector solar factor 50. Nos meses a seguir ao parto, continuei a usá-lo sempre na rua. A parte hormonal ainda não está regularizada e é muito importante não ser negligente nesta fase em que ainda estamos muito sensíveis. Sempre que me maquilhava usava o protector como creme de rosto, antes mesmo de usar a base. Eu escolhi o da Avène que tem um doseador e é muito prático cabe na mala ou numa bolsa.

Outras mudanças - Outras mudanças que podemos todas esperar são as do ciclo menstrual. Sem entrar em detalhes, é normal que tudo demore a regularizar. Há que ter paciência e estar atenta a algo que nos parece fora do normal. As hormonas estão ao rubro e a nossa disposição pode variar ao longo do dia. Os maridos são os primeiros a "comer por tabela". Temos de estar conscientes que vamos ter "picos" emocionais durante ainda algum tempo. Tudo o que for exagero, peçam ajuda. Tristeza constante, dificuldade em dormir, maus pensamentos, etc, podem ser sintomas de Depressão Pós Parto. Falem com o médico de família ou com o GO. Não deixem arrastar para ver se passa. Lembrem-se, temos um bebézinho que depende inteiramente de nós e do nosso bem estar. Uma vida literalmente nas nossas mãos. Irei mais tarde abordar novamente este tema emocional.

Para o próximo post vou falar em outro tipo de mudanças que ocorreram cá por casa e também vou falar sobre a alteração da alimentação do Simão que está a correr sobre rodas!...

As mudanças têm um sabor agridoce. Por um lado regresso ao trabalho o que implica menos tempo com os meus filhos, principalmente com o meu bebé. Por outro lado estou feliz porque vou ter a minha mãe todos os dias cá em casa a cuidar dele. Não há melhor sensação que esta, a de termos a melhor mãe do mundo a cuidar dos nossos filhos. Também vou matar as saudades que tenho de a ter perto de mim, que são mais que muitas.
Um beijinho, com carinho.
Obrigada por me lerem! Partilhem se acharem por bem!


domingo, 4 de dezembro de 2016

E depois da dor? Desistir? Não!


Em Setembro de 99 Nascia a família Garcia.
Dissemos que sim naquele dia, que queríamos permanecer juntos em todas os estados da nossa vida. 
Tenho 34 anos, chamo-me Filipa Garcia casei com Tito Garcia neste lindo dia de Outono. No nosso coração já fazia todo o sentido termos filhos e dar assim crescimento às nossas vidas a partir daquele momento. Dois anos mais tarde fiz o meu primeiro teste de gravidez que deu positivo. Família ficou radiante e eu na primeira viagem de pré mamã já me sentia grávida por todo o lado. O meu coração, esse sim, já batia bem forte por aquele ser que ainda nem sequer se tinha manifestado em mim. Dias mais tarde tudo desmoronou. Percebi que algo estava mal. De imediato fomos à obstetra que me falou francamente, não me deu esperanças nenhumas daquela gravidez evoluir. Mas acreditei que aquele bebê seria meu sempre. Mais tarde fui forçada a ir ao hospital onde friamente uma obstetra de serviço me disse "já não está cá nada!
Meu coração congelou sem saber bem o que sentia naquele momento. Foi hora de reunir a família e perceber que tínhamos perdido aquele que já era amado por todos. 
Demos um ano até que veio novamente a boa notícia. Vamos ser Papás! O medo inicial instalou-se mas como não nos damos muito a medos, juntos fomos vendo o nosso bebé a crescer.
- É um menino mamã- disse num tom muito baixo quem me fazia a ecografia às 22 semanas. O pai estava radiante com a ideia do seu rapaz. Lucas, o nome do nosso primeiro filho. Nasceu de cabelo loiro e uma pele muito branca, um olho azul lindo de morrer! Era um menino tão enérgico e tão absorvente que só passados 7 anos nos deu novamente a vontade de sermos Papás de novo. Tínhamos em casa um rapaz ansioso por ter uma mana. Tanto insistiu que pensámos que era o momento. 
 Em Agosto de 2009 o 3º teste de gravidez feito por mim dá positivo! Que alegria o segundo filho vem a  caminho e temos um irmão tão feliz com a ideia de vir a ter uma mana como tantas vezes pediu.

Tudo correu bem, a tão desejada ecografia morfológica diz que vem a mana. Discussão sobre o nome lá chegámos a um consenso. Marta, seria o nome da nossa princesa! Às 29 semanas numa consulta mensal queixo-me de muito cansaço e decidimos que eu ficava já em casa de baixa a descansar e "curtir" a minha gravidez e, ainda assim, acompanhar o mano Lucas. A Marta era uma brincalhona saltitona na barriguinha da mamã. Conversávamos muito e eu prometi-lhe que estava a preparar o enxoval mais piroso e cor de rosa que poderia existir! 
Foi num domingo. -A minha Marta está muito sossegada hoje- comentei eu com todos os que me cercavam naquele dia. Na manhã seguinte fui fazer o exame da glicose e queixo-me à analista que a minha menina ainda não se mexeu. - Acha que pode haver algum problema? - De seguida ainda fui trabalhar mas o coração de mãe dizia-me que algo não estava bem! O meu marido nesse dia trabalhava longe de casa, foram os meus sogros que me levaram à urgência para ver então o que se passava com a minha menina!
Já dentro do consultório o médico liga o ecógrafo e coloca-o na minha barriga. Era naquele dia segunda feira dia 08/10/2010. Tinham passado quatro dias. O médico perguntou-me se na ultima consulta estava tudo bem. Ao que eu respondi sim. - Há algum tempo que não a sinto e estou preocupada! Não está tudo bem Dr? - Não não está! Respondeu-me ele com a voz muito abafada. Fiquei num silêncio com medo de perguntar aquilo que o meu coração já sabia. - A minha filha está sem vida? - Sim querida não há nada a fazer! - Senti como que uma espada afiada que penetra bem fundo no coração! Fiquei sem forças para me levantar e nem tão pouco falar! Nesse momento pensei, e agora?! Valeu-me uma equipa de médicos que se uniram para me apoiar. Deixaram-me gritar, deixaram-me chorar, deixaram-me tomar decisões importantes e tão cruéis! Decisões que têm de ser tomadas num momento de profunda dor! Pedi-lhes que me deixassem vir a casa falar com o meu rapaz. Como é que eu ia dizer a um menino de 7 anos, que queria tanto uma mana, que afinal ela tinha falecido dentro de mim. E que quando viesse do hospital viríamos sem ela? O pai contou-lhe e ele limitou-se a chorar e a esconder a dor só para me poupar. Voltei à maternidade entrei em processo de trabalho de parto. Passados 2 dias de profunda tristeza, em que o meu marido nunca me desamparou, esteve lado a lado comigo com muitos amigos e familiares para juntos superarmos esta enorme perda nas nossas vidas.
Nasceu de parto normal, sem vida e era linda! loira como o mano. Era a minha querida filha! Enfrentar o mundo foi a tarefa mais difícil. Sair daquele hospital vazia foi fazer tudo ao contrário e sem duvida o mais doloroso que já fiz nesta nova fase das nossas vidas. Perguntei muitas vezes a Deus? - Como é que é que eu vou conseguir lidar com esta dor? - Foi nesse momento que Deus me carregou ao colo e desde aí, em momento algum, me senti só ou desamparada! Toda a nossa comunidade se uniu para nos amar e estar do nosso lado! Houve também uma ajuda muito importante da psicóloga e amiga Dra. Bertina Tomé. Ela ajudou-me a avaliar a dor de uma outra dimensão. Nos primeiros tempos não me senti com forças de voltar a engravidar. 
Um ano passou e novos exames levaram-nos até à maternidade Alfredo da costa. Ia ser novamente mamã! Cheia de medos e incertezas, Deus mais uma vez me ajudou e deu-me a tão esperada menina! 
A 29/07/2012 nascia a Lia! Com uma linda cabeleira escura e rosto redondinho e tão fofo! 
A tão desejada recompensa estava já nos nossos braços! Tem agora quatro anos e é tão fofa que ninguém resiste ao seu sorriso e encanto! Agradeço a Deus todos os dias pela sua vida. Houve momentos que sim pensei em desistir mas, de repente, pensava que desistir não é opção!! Hoje vivemos felizes e somos 4 na terra e 2 amores no Céu.
Deus fez toda a diferença nas nossas vidas no momento mais doloroso que já vivemos até hoje. Foi preciso perder para depois ganhar.
Nunca desistam daquilo que vos pode vir a fazer tão felizes.

Por Filipa Andreia Garcia
Edição @Ana Valido
Fotos @facebook

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Super Mães!

 

Quando criei este Blog foi com a intenção de partilhar o meu coração. E partilhar com tudo o que isso implica. Com o bom e o mau, as vitórias e as derrotas, os medos e os actos de coragem. Penso que o tenho conseguido fazer. 
Também o fiz pensando em outras mães que vissem aqui neste meu cantinho especial um lugar onde, também elas, podem abrir o seu enorme coração e partilharem histórias. 
A partir de Dezembro publicarei, sempre que possível, testemunhos de outras mamãs. Mulheres que muito admiro, amigas da vida e do coração e, por esse motivo, lancei-lhes o desafio de contarem as suas historias de amor. 
São histórias absolutamente inspiradoras de generosidade, superação e resiliência que merecem ser conhecidas por todos nós e dessa forma ocuparem o seu devido lugar no nosso coração. 
Sinto-me muito pequena perante estas mães que me ensinaram tanto sobre o que é verdadeiramente ser mãe em todas as suas vertentes. Com elas partilhei lágrimas e sorrisos. Elas inspiram-me a ser melhor!
Nem todas as mulheres têm de ser mães. Não são menos mulheres por isso. Mas uma mulher mesmo que não seja mãe, é uma filha. Este espaço é também para elas. Por detrás de uma super mulher, há muitas vezes uma super mãe, não se esqueçam disso. Eu não só tenho uma super mãe, como tive duas super avós. Grande parte do que eu sou hoje, devo-o a elas: As mulheres da minha vida! Não sou uma super mulher mas sou, por todas elas, inspirada a ser uma mulher relevante e uma melhor mãe a cada dia. 
Esta é a minha mãe, a minha grande amiga! Linda, carinhosa, divertida e generosa como não conheço outra. Obrigada mãezinha, pelo teu enorme coração! 
Fiquem atentos! Dia 1 de Dezembro, conheçam a história de uma grande amiga e de uma grande mãe!
Obrigada por me lerem!

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Mudança de Vida - 3ª Parte


Algumas amigas partilharam comigo nesta altura algumas alterações nas suas dispensas, frigorificos e ementas. Eu só posso ficar humildemente agradecida por contribuir, por ser inspiração para que essa boa mudança ocorra na vossa vida. Quero ser a vossa companheira de caminhada! Parceira no caminho para uma vida mais saudável. Se és um desses casos, quero incentivar-te a partilhares comigo a tua experiência de forma a podermos inspirar e animar outros e ajudá-los a ver que é possivel.

Comer português

Já agora aproveito para fazer um apelo. Dêem preferência aos produtos da época pois são mais frescos e baratos e aos cultivados em Portugal. Invistam em produtos Biológicos e procurem no link o Mercado Biológico mais próximo da localidade onde vivem. Eu costumo ir a Carcavelos na Quinta da Alagoa aos sábados de manhã.

Ainda em relação ao regime Paleo. Uma curiosidade que me tem surpreendido; Vale a pena ver os testemunhos de pessoas que viram a sua saúde grandemente favorecida, principalmente quem tem doenças auto-imunes, reumáticas e diabetes tipo II. Têm muita informação na Net, basta Googlar Paleo e doenças/benefícios.

Por ultimo, já anteriormente partilhei convosco que tenho a convicção pessoal que o meu corpo é para ser usado para servir a Deus e os outros e cumprir, também assim, o meu propósito de vida. Por se tratar do meu corpo isso não me dá o direito de fazer dele o que eu bem entendo, nem a tratá-lo de qualquer maneira como se tudo fosse meu por direito. Não deve ser assim. Não vivo mais eu mas algo maior vive em mim. Moderação sim, gula não! Podia ser este o meu slogan! (risos) Isto é algo muito pessoal que fala à minha vida e por isso eu só falo do que vivo. Não digo que todos devem fazer igual, nada disso mas como cristã esta foi a minha escolha intima, cuidar do que Deus me deu da melhor maneira possível. Cuidar da minha saude é uma forma de demonstrar carinho, não só por mim, mas pela própria criação de Deus.

E é importante um miminho, uma recompensa. Se perdi peso, se o meu regime é consistente, porque não uma vez dar uma prenda a mim mesma e comer a minha comida preferida, ou um gelado, ou um cheesecake??? É uma vez, vamos descomplicar! (adoro esta nova palavra!)
Hoje tenho uma motivação extra. Ser mãe aos 45 não é fácil, há dias que é mesmo muito duro mas tem sido possível e muito gratificante, mas ainda preciso de saúde para trabalhar e criar o meu menino. Quando ele tiver 20 já a mãe terá 65 e serei nessa altura uma sénior, elegante e saudável, espero, mas uma sénior mesmo assim e até começarei a pagar meio bilhete em todo o lado (risos). Nem tudo será mau!
Obrigada por me lerem!

Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?
Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.
1 Coríntios 6:19,20

Foto minha por @Jandy Lopes

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Saudades da "Joana"

Este video emocionou-me. Que linda história de amizade, aceitação e sobretudo, superação. Tão bom começar a semana com algo tão inspirador! Percebo-o tão bem. Lembrou-me algo que nunca partilhei até hoje.
Quando comecei a correr há uns anos, em Tomar, a nossa cadela "Joana" era sempre a minha companhia. Ela era diabética e as caminhadas e corridas faziam-lhe muito bem. Quando a perdemos em 2008, durante muito tempo não consegui ir sem ela. Sentia medo de ir sozinha. Tentei começar sem ela e lembro-me que fui a chorar o tempo todo cheia de saudades.
Tanto haveria a dizer sobre este animal fora de série! Minha amiga sempre presente. Ainda hoje choramos por ela e por tanto amor que nos deu ao longo de 13 anos. Hoje vou com o Ruka, que assim que me vê calçar os ténis, fica louco! É um valente e vai sempre comigo. É tão bom fazer exercício com um cão, no meu caso sou super felizarda porque o gato também vem atrás de nós 2 e só visto! Felizes aqueles que vivem partilhando amor com os seus animais! Eles amam incondicionalmente e dão sem esperar em troca. Não guardam ressentimento quando ralhamos com eles e tudo o que querem, é viver do nosso lado e deleitarem-se nos nossos carinhos. Obrigada meu Deus pelos animais maravilhosos que me deste ao longo da vida. Sonho um dia encontrá-los no céu. Não sei se é possível, ou bíblico. O que sei é que o céu também pertence às almas puras.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Mudança de Vida - 2ª parte

Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Mateus 6:25



Estou convicta que fui inspirada pelo céu a mudar a minha alimentação. Eu já estava num regime Paleo quando ouvi a primeira vez falar neste tipo de alimentação. Foi numa serie de programas chamados The Paleo Way de um chefe australiano chamado Pete Evans. Quando vi pensei - é isto que estou a tentar fazer! Depois foi fácil e pesquisei um pouco e adaptei-me muito facilmente. Foi como se o meu próprio corpo me encaminhasse para algo tão simples e natural que até parecia mentira. Estou convencida que foi este regime, com o exercício físico, que me possibilitou, a mim e ao Pedro, engravidarmos tão facilmente. Entre nós os 2 tínhamos perdido 22 quilos quando recebemos a boa noticia.
Vamos ver exemplos de refeições?


Ao lanche

Por norma, não existe norma. Porque é prático, como 1 iogurte natural feito com leite gordo na Bimby com fruta, mel aveia e pouca linhaça. Podem usar o que gostarem: frutos desidratados como figos, bananas ou alperces secos ou passas. Também podem lanchar uma pequena salada de fruta. Papas de aveia com fruta triturada são um dos meus lanches, ou pequenos almoços, preferidos. Até sopa já comi ao lanche, acabadinha de fazer. Porque não?


Tenho um utensílio de cozinha favorito. Para além da Bimby que a minha amiga Sónia Simões me vendeu, mas essa não é utensílio, é o meu braço direito, esquerdo, os que houver!
Não, estou a falar dessa maravilha oriental chamada Wok. O meu não é de ferro e carbono porque tenho placa de indução. Escolhi uma alternativa anti-aderente. No IKEA encontramos vários e em conta.
Uso-o amiúde e é super prático!


O que jantar?

 Na 1ª imagem estava a fazer um strogonoff de peru salteado em azeite e alho. 
Na segunda imagem trata-se de um acompanhamento salteado também em azeite e alho.
Se quiser dar um sabor mais oriental uso óleo de coco biológico, malagueta e um fio de mel.
Se quiser dar um sabor mais africano uso azeite e alho e açafrão, uma das minhas especiarias preferidas e outro super alimento, na minha opinião. também podes usar cominhos e coentros frescos e o meu favorito, o gengibre. O que importa aqui é a nossa imaginação que não deve ter limites. A regra de ouro é a simplicidade de usar produtos frescos e não enlatados. Legumes podem ser congelados, são super saudáveis e muito em conta. Faço carne de todo o tipo assada no forno: Frango, peru, porco, entrecosto. Também carne estufada, bifes grelhados em pouco azeite, etc. Grelhados posso todos.
Comam o que gostam e apurem os temperos ao vosso gosto pessoal! Molhos como béchamel, ketchup e maionese são de evitar ao máximo e quando tivermos mesmo de usar  façam em casa porque os do supermercado estão cheios de açúcar, sal e produtos alienígenas que não fazemos a mínima ideia do que sejam. Se não conheces o que é, não comas!



Uma palavra sobre lacticínios. Porquê leite gordo? Não só leite gordo como leite pasteurizado e não o ultra-pasteurizado. Quando o leite é ultra-pasteurizado perde ainda mais nutrientes. Se tiver de beber leite, prefiro o leite do dia. Porquê gordo? Já alguém provou leite da vaca mesmo? Lembram-se do sabor, cheiro, cor e textura? Esse é o verdadeiro leite gordo, o do supermercado é na verdade meio gordo e o magro então, uma água de lavar as vasilhas. E como de preferência lacticínios de vacas felizes, como as açorianas que pastam ao ar livre.


O meu objectivo não é viver a pensar em comida, isso pertence ao passado. É racionalizar e criar hábitos ao ponto das escolhas se tornarem naturais e quase automáticas. Hoje percebo que já não tolero certos alimentos e o próprio organismo rejeita-os, como os rejeita? Puxem pela imaginação! 
Sinto mais energia do que nunca. Acordo bem disposta e revigorada. Durmo lindamente e o Simãozinho é um doce e ajuda a mamã nisso. Acreditem que quando percebi a razão (ou razões) emocional que estava por detrás da minha compulsão em comer, tudo se tornou mais fácil.
Este auto conhecimento aprendi com uma das regras dos Grupos de Apoio e Auto Ajuda. A regra de estarmos atentos aos sinais do próprio organismo. É tão importante eu conhecer-me a mim própria e deixar de viver na desculpa: não sei porque faço isto, ou aquilo!
Eu sei que tenho as minhas escolhas alimentares facilitadas na medida em que tenho muito boa boca e gosto de tudo. Quem for mais selectivo terá maiores dificuldades mas podemos ser criativos. Vejam bem o supermercado e a enorme variedade de frutas e legumes que temos todo o ano à disposição. É incrível! Que privilégio! Vejam também que nunca tivemos tantos e tão variados canais e programas de culinária. A comida está na moda e o que está a dar é ser chefe, é a profissão do futuro! Inspirem-se!

Foto minha: Me; My boy and my kitchen

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Mudança de Vida - 1ª parte

Olá! Cá estou eu, na luta diária contra o excesso de peso. Ah! pois é! Todos os dias tenho de racionalizar as minhas refeições. Não posso ceder aos impulsos da minha ansiedade, ou de qualquer outra emoção menos boa que possa surgir de repente.
Prometi que vos mostrava receitas. Ontem o meu querido marido que é barra em informática, passou algumas fotos que eu precisava do iphone para o computador.
Relembrando: Estou a seguir um regime alimentar Paleo. Este link pertence a um site que também está no Facebook ao qual aderi muito recentemente chamado Paleo Descomplicado. 
Descomplicado é comigo mesmo porque para complicada já basta a vida. Tenho sido, então, uma atenta observadora deste grupo e tenho aprendido muito. Como em tudo na minha vida, a minha postura aqui também é a mesma. Observo tudo e retenho o melhor. Nunca gostei de cópias, por isso não copio, adapto ao meu gosto e ao que sei que me faz bem. Há aqui neste site documentação muito interessante e cientifica.
Resumindo: eliminei da minha dieta se vocês se lembram: farinhas; açúcar e alguns lacticínios. Também não como arroz, massas e batatas brancas. Mas até o que eliminei do dia a dia posso comer de vez em quando e faço-o muito esporadicamente, não sou fundamentalista.


Pequeno almoço

Muita gente pergunta-me mas afinal o que comes? e ao pequeno almoço? se eu elimino farinhas e lacticínios logo à partida matei o pequeno almoço tradicional do pão com manteiga e café com leite. Este é um exemplo de pequeno almoço que normalmente tomo: 2 ovos mexidos com fiambre (embora atualmente seja raro comer) ou bacon e ocasionalmente fruta. Aqui era papaia.
Mas, Ana, 2 ovos todos os dias? Sim! mas ovos de galinhas felizes, ok? Normalmente isto acontece pelas 7h30. No meu caso, que acordo sempre com muita fome é fácil comer bem logo de manhã. Se por acaso és daquelas pessoas que só tem fome a meio da manhã, tens de arranjar uma caixinha e improvisas!
Está aqui uma foto fantástica para aprendermos a escolher ovos. Vou dar-vos uma dica: Os ovos da marca Continente embalagem azul são ovos de galinhas criadas ao ar livre (1PT). Para mim são os mais em conta. Garanto que até ao almoço não tenho fome e se por acaso sentir a malandra da larica... bebo água, se não passar mesmo assim, como uma maça.

Almoço, o que comer?

Ao almoço é super fácil! Como carne ou peixe de todas as maneiras e feitios menos fritos em óleo. Pode ser grelhado, cozido, estufado, guisado, salteado, ao vapor, etc, o que quiserem! acompanhado de legumes cozidos ou salteados ou então salada.
Olhem só que bonito! Até aproveitei a mesma frigideira! O objectivo aqui é descomplicar! Azeite EV no fundo e é o que vêm: hambúrguer de vaca com courgete, cogumelos frescos e pimento amarelo. Tudo salteado! Então e aquelas coizitas vermelhas??? Pois são o que eu chamo um super alimento: malaguetas vermelhas grandes. No Brasil chamam pimenta. É um acelerador do metabolismo. Estas grandes são ótimas porque podes controlar a intensidade do que picam conforme tiras ou não as sementes do seu interior. Super fácil!

Para mim foi importante analisar num diário tudo o que comia durante o dia antes de iniciar qualquer regime/dieta. Isto porque é super importante percebermos quais são os períodos mais críticos ao longo do dia. Geralmente é aquele que que cometes os maiores excessos e erros. No meu caso era ao fim da tarde. Tive então de começar a investir num bom almoço e num lanche reforçado. 
Então, ao almoço como sempre sopa e sopa de tudo, menos de batata e cuidado com a quantidade de cenoura, não abusem!
Parece-vos difícil? A sério? E se vos contar que sábado comi um belo Cozido à Portuguesa, continuam a achar difícil? Estava delicioso! Comi tudo menos o arroz e o feijão. Continuam a achar difícil mesmo se vos falar das sardinhadas do ultimo verão?  Sardinhas assadas com salada de pimentos assados, pepino e muuito tomate? Se calhar agora sorriem ao imaginar as possibilidades!...

Por hoje deixo-vos a pensar no pequeno almoço e no almoço.
No próximo texto vamos falar do lanche e do jantar.
Até agora, em 2 meses perdi 4 quilos. Só alterando a dieta alimentar. Não acredito em dietas temporárias. Dietas temporárias fazem resultados temporários e o que procurei foi uma mudança de vida e de hábitos.

Olhem só esta imagem. Antes do verão o passeio estava cheio de pessoas a trabalhar o corpo para resultados temporários. Nesta altura do ano é um sossego em que só os corajosos e os que investem todo o ano na sua saúde e bem estar permanecem. Vou aproveitar a quietude dos meus pensamentos, enquanto o Simãozinho já adormeceu, os meus olhos percorrem extasiados o azul das águas e das pequenas ondas a bater ritmadas nas rochas. Os navios, imponentes, rasgam o rio enquanto que as minhas pernas teimam em recuperar a mobilidade e vão ganhando força de dia para dia. 
Um pensamento permanece: 
Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Romanos 14:17
Até breve! Obrigada por me lerem!

sábado, 5 de novembro de 2016

Um bebé, muitos desafios

Creio que nenhuma mulher está verdadeiramente preparada para o enorme desafio que o pós-parto representa. E não há nada a fazer, é assim mesmo. Vivemos 9 meses de expectativas inteiramente direccionadas para o pequeno ser que cresce dentro de nós. Tudo gira em volta de nós e dele e para ele.
São os exames clínicos, as análises, as vitaminas, as medições. Depois vem o planeamento do parto, do quarto, do berço, das roupas que ele irá precisar. Aos 7 meses estamos a preparar a mala da maternidade e só aí começamos a pensar nas nossas necessidades.
Comigo foi assim. Tive de parar e pensar, espera lá, o que vou precisar para mim? Ainda não tenho nada!... Peeeedro! Temos de ir à Prénatal! Lá fomos comprar roupa interior e afins. Li imenso durante a gravidez mas nada me preparava para o que aí vinha. Era a 2ª vez que passava por um parto mas já havia passado tanto tempo! E é verdade que nem tudo é igual.
Desta vez foi mais tranquilo e controlado. Em 2000 nenhum Hospital privado estava devidamente equipado com unidades de cuidados intensivos neonatais. Na altura não quis arriscar a eventualidade de termos de ficar internadas em hospitais diferentes. Conheci alguns casos de bebés transferidos de urgência para Santa Maria ou para a Alfredo da Costa enquanto que as mães continuavam internadas nos Hospitais particulares. Hoje, só em Lisboa, temos a Cuf Descobertas, os Lusíadas e a Luz Saúde, onde o Simãozinho nasceu. 
Também pude desta vez escolher o tipo de anestesia e escolhi epidural. Foi a primeira vez. A cesariana da Beatriz foi de urgência e com anestesia geral e foi a pior experiência da minha vida. Pensei que morria e não criava a minha filha. Reagi muito mal à anestesia. Ela nasceu segunda-feira à hora de almoço e só me consegui levantar quarta de manhã. A tensão desceu muito e cada vez que me sentava na cama, desmaiava.
Desta vez vi e ouvi o que se passava à minha volta, tive musica no bloco de partos, conversei e ri com os médicos, excepto quando a tensão desceu com a anestesia e comecei a vomitar, mas já tinha sido alertada minutos antes que isso iria acontecer, não foi surpresa. Não me assustei, portanto, quando o médico mandava a enfermeira dar-me 10cc de adrenalina, e mais outros 10cc.. (medo). Tudo foi reconfortante. Vi o meu bebé assim que o tiraram da barriga, todo sujo! e não chorava. A médica disse que ele tinha engolido um pouco de liquido, e entretanto ainda não chorava. Pergunto ao Pedro porquê é que o menino não chora? Calma, dizia ele! e não chorava. Pedro, porque é que ele não chora? Calma, amor eu estou a vê-lo estão de volta dele...e nisto, um choro!... mesmo choro de rapaz! Chorava ele, chorava eu! Vês, amor, ele esta bem, dizia o Pedro e ria-se, ria-se, e eu chorava, chorava! Fui super apoiada na maternidade, tudo tranquilo, quartinho só para nós, sol todo o dia. O Pedro dormiu connosco 2 noites, ajudou-me imenso. o Simão nasceu quase às 11, às 23 eu já estava de pé com a ajuda da enfermeira. Uma dor! indescritível! horrorosa! Bendita morfina que me davam pelo catéter da epidural que ainda estava espetado na minha coluna (tentava não pensar nisso). 
O Simão dormia, dormia, como dormem quase todos os recém nascidos. Eles fazem de propósito para nós pensarmos que são uns anjinhos e ai quando se apanham em casa é só cólicas e nada de dormirem é o que é.
Ao 3º dia o Simão começou a ficar amarelinho. Ictericia. Não fazia coco nem xixi pois o meu leite ainda não tinha descido. Precisávamos de limpar do sistema dele o que causava a ictericia e por isso a pediatra mandou dar suplemento ao Simão. À noite ficou, como sempre,ao pé de mim mas em vez de dormir no seu bercinho tão fofinho, teve de dormir numa espécie de rede, dentro de uma caixa que mais parecia a caixa de areia dos meus gatos, a fazer fototerapia. Logo na noite na véspera de sairmos, que o Pedro não estava. Sempre que chamava, alguém vinha logo mas não era a mesma coisa.
Tive de lhe dar uma chucha que me tinham oferecido na maternidade. Ele chorou muito toda a noite e eu não dormi. Chorei muito por ver o meu menino tão desamparado dentro daquela caixa quente de olhos tapados. Orei tanto! Acho que foi aí que o instinto maternal tomou conta de mim e amei-o tanto como tinha amado a Beatriz. Amei ainda mais a Beatriz naquela momento! Meus amores queridos! 
Este foi o único contratempo que tivemos. Eu não tinha levado chucha porque queria que o Simão fosse alimentado exclusivamente ao peito. Para esse efeito a chucha também é desaconselhada nos primeiros 15 dias de vida. Correu tudo diferente do que eu tinha planeado. Não só ele saiu com chucha da maternidade, como já vinha a tomar suplemento depois de mamar. O importante é que a bilirrubina desceu, nós tivemos alta e o Simão depois de 2 semanas já tinha recuperado o peso perdido.
O 1º mês foi terrível! Se não fosse a minha mãe que veio ficar comigo 2 semanas acho que tinha enlouquecido. Ela ficou responsável pela gestão da casa, o Pedro das compras e todos me ajudavam com o Simão. As noites... as noites eram o pior. Estava sozinha com o Simão enquanto todos dormiam. O Simão não dormia muito, tinha um despertador interior de 3 em 3 horas e demorava mais de 1 hora a mamar. Eu não pregava olho porque ainda não me habituara a dormir quando ele dormia. Só passadas umas 3 semanas assim que ele adormecia eu ferrava logo. Por vezes sonhava que ele acordava para comer, só que não era sonho ele acordava mesmo e eu a dormir em pé. Lá me levantava como podia, porque as dores foram imensas até tirar os pontos. Uma vez adormeci na cadeira a dar de mamar.
Ao pequeno almoço sentava-me à mesa que a minha mãe tinha preparado e só conseguia chorar. As lágrimas rolavam teimosamente pela cara abaixo pelo meio das dentadas à torrada e ao ovo mexido. A minha mãe, coitadinha, limpava-me as lágrimas e eu lá lhe contava a minha noite. Queria que eu a chamasse, para quê? só eu tinha o que ele precisava.
É muito importante nesta primeira fase delegar em outros as tarefas da casa a nossa única ocupação tem de ser o bebé e as suas necessidades.
A amamentação é o derradeiro desafio! Ninguém nos ajuda realmente. Eu posso testemunhar da minha experiência no público e no privado. Só se preocupam se temos leite e perguntam se eles mamaram. Raras vezes vêm ver efectivamente eles a mamarem o que na minha opinião acho fundamental. A maior parte das mulheres, acredito, não sabe amamentar. Pode naturalmente correr muito bem mas, não raras vezes, corre muito mal. Podia ser evitado com apoio e formação adequada. Sabem que depois do 1º mês de vida do bebé só 40% das mães continuam a amamentar, as outras desistem? Isto é dramático tendo em conta se desistem porque querem e não conseguem. Quem não quer é outro assunto e está no seu direito, mas quem quer! É mau! Ajudou-me muito um video que me chegou nem sei como, e que ensina algo fundamental para que a amamentação corra bem: a pega.(cliquem para assistir) Ou seja, a forma como o bebé agarra o nosso peito. Está em inglês mas é bastante ilustrativo. Isso fez desta minha experiência a melhor de sempre. Tudo a correr muito bem desta vez, sem dores e incómodos, nem mastites que tive no passado.
Com o tempo acredito, tudo irá encontrar o seu devido lugar e o Simão vai adquirindo os nossos hábitos e com paciência e amor, e sempre com ajuda, a harmonia irá, eventualmente, reinar em casa dos Validos. Uma coisa é certa, a nossa vida mudou irremediavelmente para melhor! Estamos apaixonados por este rapazinho que veio do céu, com amor!
Beijinhos, e obrigada por me lerem.

Foto minha por @Jandy Lopes

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

*Estrelinha da Mamã

O termo Alto Risco não significa que representamos um perigo para quem nos rodeia muito embora, no meu caso, não estava muito longe da verdade...
Eu não fui uma grávida nada, nada fácil para os de casa! 
Tiro o chapéu ao meu marido e à minha filha que foram uns santos por me aturarem.
Foi muito difícil para mim ficar em casa. Descobri que sou muito mais activa do que pensava ser. Sofri com a falta que trabalhar todos os dias me fazia, e eu não sabia. Preciso mesmo da minha rotina e da minha independência. Ser dependente é horrível! E eu fui absolutamente insuportável porque queria que tudo continuasse a ser feito em casa do meu jeito. Nada mais errado. Esta necessidade de controlar os outros prendia-se com o facto de não conseguir controlar o desenrolar da minha gravidez.
Foram meses de repouso, alguns sem poder fazer a cama, nem a comida, nem estender a roupa. Não podia fazer nada por mim nem pelos outros. Tudo gestos e hábitos adquiridos e banais que tomamos por garantidos. 
Passava o dia a ler e a ver noticias. Estive em casa durante os dois atentados. O de Paris e o da Bélgica. Já me estava a fazer mal, fartava-me de chorar até que o Pedro me proibiu de ver noticias.
A solidão que senti durante os 7 meses que fiquei em casa foi imensa e engoliu-me inteira. Nunca me senti tão isolada de tudo e todos. Os contactos eram basicamente telefónicos. A falta de toque humano, os "olhos nos olhos" foi muito, muito sentida.
E o sol... a falta que o ar livre me fez! Sou mesmo "galinha de campo"! Foi um inverno tenebroso cheio de medos e inseguranças mas também cheio de esperança. Enquanto as semanas iam passando a conta gotas, ia imaginando o meu bebé a crescer. Falava com ele, riamos juntos, orávamos, ouvíamos musica e também chorávamos juntos. 
Tive medo de ficar burra, emperrada e destreinada e com pouca destreza mental. Numa conversa com o meu amigo Danilo, ofereci-me para o ajudar voltando a trabalhar no ministério Celebrando Restauração a partir de casa. Tinha feito uma pausa sabática para me dedicar à minha família de casa e dediquei-me tanto, tanto que veio um bebé.
Foi assim que comecei a supervisionar e a apoiar os facilitadores de 3 Grupos de Apoio e Auto Ajuda. Senti-me novamente útil e relevante. Fez-me muito bem iniciar este trabalho que faz parte do meu propósito de vida.
Orávamos sempre pelo Simão Pedro em família, primeiro o Pedro, depois a Ana Beatriz. Sempre me comovia ouvi-la dizer em voz alta: Senhor abençoa o meu irmão. Que sorte aquele rapazinho ia ter, que irmã tão especial, que ser humano lindo eu tinha diante de mim. Que coração, que sensibilidade, que elegância tem a minha filha, a minha princesa. Tantas vezes me pediu um irmão, cheguei a sentir-me culpada e sem ter culpa nenhuma! 
Sou feliz por realizar o sonho da nossa família e é tão bom sonharmos juntos, num mesmo propósito, em amor.
Hoje sinto que a gravidez passou num ápice, sem sobressaltos de maior já para o fim e o meu menino já está connosco, lindo e saudável. 
Ainda choro muito quando o tenho nos meus braços a dormir. Pergunto a Deus como este milagre aconteceu? Olho para ele e ainda me parece um sonho, acreditem! Pergunto-lhe se ele gosta desta mamã, ou se preferia outra? (riso) Digo-lhe todos os dias o quanto o amo, o quanto esperei por ele, que ele me foi enviado do céu, com amor. Já lhe contei que lhe chamava estrelinha da mamã e das inúmeras vezes que lhe pedi: agarra-te à mamã estrelinha, não vás embora! Obrigada filho por teres ficado comigo!
Durante meses a voz secou-me na garganta. Não era a primeira vez que me acontecia. Em momentos de grande stress e tristeza deixo de cantar. Não sai!
Tanta solidão e alguma tristeza também deixaram as suas marcas em mim e hoje, quando vos escrevo, ainda recupero emocionalmente com calma, com lucidez e consciente dos meus sentimentos. Não estou deprimida mas tenho momentos depressivos e já estou a receber ajuda porque sei há muito que sozinha não vou muito longe.
Hoje canto muito! Canto, danço, rio e choro ao mesmo tempo. O Simãozinho já está a habituar-se a uma mãe mais divertida e cada dia mais enérgica! Há uma musica que me acompanhou e me deu muita, muita força num momento muito mau e que partilho aqui com vocês: O melhor de mim, cantado pela Mariza mas a letra não sei se sabem, é do Boss AC
Obrigada a todos os que ficaram do meu lado, que mantiveram os laços, que investiram tempo, orações e carinho, vocês sabem quem são.
Beijinhos e obrigada por me lerem!

Foto minha por @Jandy Lopes