segunda-feira, 31 de outubro de 2016

*Estrelinha da Mamã

O termo Alto Risco não significa que representamos um perigo para quem nos rodeia muito embora, no meu caso, não estava muito longe da verdade...
Eu não fui uma grávida nada, nada fácil para os de casa! 
Tiro o chapéu ao meu marido e à minha filha que foram uns santos por me aturarem.
Foi muito difícil para mim ficar em casa. Descobri que sou muito mais activa do que pensava ser. Sofri com a falta que trabalhar todos os dias me fazia, e eu não sabia. Preciso mesmo da minha rotina e da minha independência. Ser dependente é horrível! E eu fui absolutamente insuportável porque queria que tudo continuasse a ser feito em casa do meu jeito. Nada mais errado. Esta necessidade de controlar os outros prendia-se com o facto de não conseguir controlar o desenrolar da minha gravidez.
Foram meses de repouso, alguns sem poder fazer a cama, nem a comida, nem estender a roupa. Não podia fazer nada por mim nem pelos outros. Tudo gestos e hábitos adquiridos e banais que tomamos por garantidos. 
Passava o dia a ler e a ver noticias. Estive em casa durante os dois atentados. O de Paris e o da Bélgica. Já me estava a fazer mal, fartava-me de chorar até que o Pedro me proibiu de ver noticias.
A solidão que senti durante os 7 meses que fiquei em casa foi imensa e engoliu-me inteira. Nunca me senti tão isolada de tudo e todos. Os contactos eram basicamente telefónicos. A falta de toque humano, os "olhos nos olhos" foi muito, muito sentida.
E o sol... a falta que o ar livre me fez! Sou mesmo "galinha de campo"! Foi um inverno tenebroso cheio de medos e inseguranças mas também cheio de esperança. Enquanto as semanas iam passando a conta gotas, ia imaginando o meu bebé a crescer. Falava com ele, riamos juntos, orávamos, ouvíamos musica e também chorávamos juntos. 
Tive medo de ficar burra, emperrada e destreinada e com pouca destreza mental. Numa conversa com o meu amigo Danilo, ofereci-me para o ajudar voltando a trabalhar no ministério Celebrando Restauração a partir de casa. Tinha feito uma pausa sabática para me dedicar à minha família de casa e dediquei-me tanto, tanto que veio um bebé.
Foi assim que comecei a supervisionar e a apoiar os facilitadores de 3 Grupos de Apoio e Auto Ajuda. Senti-me novamente útil e relevante. Fez-me muito bem iniciar este trabalho que faz parte do meu propósito de vida.
Orávamos sempre pelo Simão Pedro em família, primeiro o Pedro, depois a Ana Beatriz. Sempre me comovia ouvi-la dizer em voz alta: Senhor abençoa o meu irmão. Que sorte aquele rapazinho ia ter, que irmã tão especial, que ser humano lindo eu tinha diante de mim. Que coração, que sensibilidade, que elegância tem a minha filha, a minha princesa. Tantas vezes me pediu um irmão, cheguei a sentir-me culpada e sem ter culpa nenhuma! 
Sou feliz por realizar o sonho da nossa família e é tão bom sonharmos juntos, num mesmo propósito, em amor.
Hoje sinto que a gravidez passou num ápice, sem sobressaltos de maior já para o fim e o meu menino já está connosco, lindo e saudável. 
Ainda choro muito quando o tenho nos meus braços a dormir. Pergunto a Deus como este milagre aconteceu? Olho para ele e ainda me parece um sonho, acreditem! Pergunto-lhe se ele gosta desta mamã, ou se preferia outra? (riso) Digo-lhe todos os dias o quanto o amo, o quanto esperei por ele, que ele me foi enviado do céu, com amor. Já lhe contei que lhe chamava estrelinha da mamã e das inúmeras vezes que lhe pedi: agarra-te à mamã estrelinha, não vás embora! Obrigada filho por teres ficado comigo!
Durante meses a voz secou-me na garganta. Não era a primeira vez que me acontecia. Em momentos de grande stress e tristeza deixo de cantar. Não sai!
Tanta solidão e alguma tristeza também deixaram as suas marcas em mim e hoje, quando vos escrevo, ainda recupero emocionalmente com calma, com lucidez e consciente dos meus sentimentos. Não estou deprimida mas tenho momentos depressivos e já estou a receber ajuda porque sei há muito que sozinha não vou muito longe.
Hoje canto muito! Canto, danço, rio e choro ao mesmo tempo. O Simãozinho já está a habituar-se a uma mãe mais divertida e cada dia mais enérgica! Há uma musica que me acompanhou e me deu muita, muita força num momento muito mau e que partilho aqui com vocês: O melhor de mim, cantado pela Mariza mas a letra não sei se sabem, é do Boss AC
Obrigada a todos os que ficaram do meu lado, que mantiveram os laços, que investiram tempo, orações e carinho, vocês sabem quem são.
Beijinhos e obrigada por me lerem!

Foto minha por @Jandy Lopes

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Perigo! Grávida nas imediações!

Finalmente, vou falar-vos sobre a minha gravidez de alto risco.
Já agora, na sequência de algumas perguntas que me fizeram, sempre que nos meus textos virem palavras a azul, cliquem nelas porque vão abrir-vos outra pagina na web com informações mais detalhadas, ok?
Por onde começar?! Se calhar pelo principio. Quem determina se é gravidez de alto risco são os nossos médicos e as circunstâncias. Eu sabia que à partida por ter 44 anos seria sempre enquadrada nessa categoria mas, estava pronta para levar uma gravidez normal e fazer a vida normal até ao fim da gestação.
Nada mais errado! Fui logo proibida de fazer viagens longas de automóvel e de autocarro. A minha equipa de trabalho tinha ganho um Teambuilding em Espanha e eu fiquei logo apeada! Nessa altura tive um pico de tensão arterial de 16/6 que deixou-me de sobreaviso e a controlar a tensão diáriamente. Já estávamos a começar mal! Eu não estava era preparada para o que se seguiria. 
Os sintomas eram familiares, a sensação de pânico também e aquele aperto no peito que empurrava as lágrimas a cair pelo rosto abaixo. Às 9 semanas e 1 dia recorria ao Hospital e diagnosticavam um pequeno descolamento na placenta de 7mm. O meu bebé estava vivo e pude ouvir o seu coraçãozinho, isso fez-me sair mais tranquila do Hospital. Começava o repouso forçado. A minha estrelinha, como comecei a chamar-lhe, estava a lutar pela vida. "agarra-te à mamã, estrelinha! Não vás embora, por favor!".
Mas as complicações não se ficaram por aqui. O descolamento aumentou ligeiramente e pouco depois ficámos a saber que o meu filho não estava sozinho no útero. Tinha um mioma, maior do que ele, a fazer-lhe companhia. Como se isso não bastasse as pequenas hemorragias continuavam. Em Dezembro, com 12 semanas estava a fazer o Rastreio Combinado. Esta ecografia foi um misto de emoções. Eu estava muito ansiosa antes, aliás, sempre que fazia uma ecografia um medo apoderava-se de mim. O medo de não ouvir um coração a bater. Aos 44 anos, sabem, já vivemos um pedaço e conhecemos muitas histórias que não acabaram bem. Não é fácil manter o animo, acreditem! Por um lado vi durante 35 minutos, pormenores e detalhes do meu bebé que nunca imaginava ver tão cedo. Era lindo e dava saltinhos... tão querido! Tinha o Pedro e a Beatriz comigo a partilharem este momento mágico em que o Dr. nos assegurava que estava tudo fantástico que ele era perfeito, sim! tudo indicava que era um ele! Explicou-nos em grande pormenor todas as características e dados e medições que procurava. Essencialmente procurava mal formações, trissomias, etc. Não havia sinais de descolamento o que me fez sossegar imenso, no entanto, a ecografia foi muito dolorosa e voltei a sangrar.

Guardei como um tesouro a primeira foto do meu menino que vos mostro, e lá fomos para casa ver e rever o video.
Outra agravante do meu estado era o meu tipo de sangue ser O Rh negativo e o meu bebé ser positivo, o que aconteceu. Este foi um dos motivos pelo qual não quisemos fazer a amniocentese. Havia um risco acrescido de abortar. Felizmente tanto a minha médica como o Dr. Carlos Silva que me fez as 3 ecografias, aceitaram e compreenderam os nossos motivos, não sem antes nos explicarem muito bem as vantagens, obviamente, mas foram muito compreensivos e não me stressaram. Tínhamos outra opção não invasiva que era o teste Harmony. Também optámos por não fazer este, embora não o considere uma opção, na minha opinião é um complemento a ter muito em conta. Quem puder fazer, faça-o.
Semanas depois de fazer o Rastreio Combinado recebo um mail da minha médica para lhe ligar pois já tinha o resultado do exame. Fiquei nervosíssima! Sem motivo afinal porque a médica estava era muito contente com os resultados que tinham sido muito, mas muito acima dos esperados para a minha idade e circunstâncias. Eu não tinha, inclusive, indicação para fazer a amniocentese.
Deus é bom! Dias antes estava a ler a bíblia e chorava pois a hemorragia ia e vinha. Deparei-me com um texto: Era em Marcos 5 Vs 25-34 sobre a mulher que sofria de hemorragias crónicas e que fora curada ao tocar nas vestes de Jesus. O meu coração disparou nesse instante: Jesus, oro tanto para que me toques e cures esta hemorragia, mas aqui foi ela que te tocou, com fé! Tu estás sempre comigo, se eu te tocar assim, com fé nem sequer em Ti mas como que ao de leve nas tuas vestes, Tu podes, eu acredito!... E foi assim que, às 13 semanas, deixei de perder sangue. Soube na hora que fora Ele porque no mesmo momento o incómodo que sentia na barriga desapareceu! A minha estrelinha crescia agora, segura na barriga da mamã!
Falei muito aqui sobre o risco físico mais tarde falarei também na parte emocional que foi muito, muito dura! Fui aconselhada a manter-me em casa até ao fim e era importante que esta gravidez chegasse mesmo ao fim. Quando os sintomas melhoraram e eu finalmente já podia dar uma caminhada ligeira, sair de casa e fazer pequenas viagens de carro, já estava demasiado cansada, devido não só ao peso mas aos meses de inércia que me debilitaram muito. Agora tudo era feito com muito esforço e as noites eram um tormento! 
Uma palavra para o meu quiroprático Dr. Theo Koenen da Viver Quiroprática que me ajudou sobremaneira, primeiro 1 vez por mês e por ultimo de 15 em 15 dias. Os seus ajustamentos foram essenciais para o meu bem estar e do meu bebé, que deu inclusive a volta ficando na posição cefálica, após um ajustamento. 
Decidi, a conselho da minha médica, optar por outra cesariana. Era arriscado esperar que a natureza seguisse o seu curso. O parto não podia ser provocado e não sabíamos exactamente onde estava o mioma. Fiquei tranquila com esta decisão pois senti que o parto estava sob controle. Não era o que eu mais gostava para mim pois a recuperação de uma cesariana é horrível e muito mais demorada. Só quem passa por isso entende o doloroso que é cuidar de um recém nascido passando por um pós-operatório ao mesmo tempo. Mas era o menos arriscado para o bebé e ele estava sempre primeiro. 


Foi no Hospital da Luz Saúde que dia 8 de Junho nascia a minha estrelinha, eu estava consciente com uma epidural e com o Pedro do meu lado, o que não me valeu de muito amigos pois, o meu marido até o bebé nascer estava concentrado e fascinado com as minhas entranhas e com o trabalho das 2 médicas, depois do Simão nascer... eu fiquei misteriosamente invisível no Bloco de partos...
Até breve!...



quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Grandes Esperanças

Queria há muito escrever-vos sobre a minha gravidez de alto risco. 
Este post era para se chamar isso mesmo mas como acho o termo muito duro, achei por melhor chamar-lhe Grandes Esperanças. É um termo antigo: estar de esperanças. No meu caso eram grandes esperanças. É também o titulo de um livro de Charles Dickens que a Beatriz anda a ler e por isso, nada mais apropriado.
Percebi, no entanto, que na descrição do meu perfil não fui sincera para convosco e por isso gostava de primeiro falar-vos sobre isso. Escrevi que desde que engravidei pela 2ª vez a minha vida mudou. É verdade que sim, mudou. Mas esta não foi a minha 2ª gravidez, mas sim a 3ª. Por tal, peço-vos perdão.
Poucos sabem do que vou partilhar mas a verdade é que engravidei pela 2ª vez em Abril de 2011. Foi um período breve de apenas 6 semanas mas foram 6 semanas de grandes esperanças. Não cheguei a fazer a primeira ecografia pois no dia da consulta já eu tinha perdido o meu bebé. Como aconteceu desta vez, eu estava à espera dessa eco para dar a boa noticia à família, quando tivesse a certeza de que tudo estaria bem. Não estava! Soube-o logo desde o inicio que não estava pelos sintomas. Perder um bebé aos 40 é devastador, garanto. Lá se vão as grandes esperanças, os planos. Foi muito duro e defendo hoje, como na altura, que já era tempo das mães e pais que passam por este drama serem tratados de outra forma, quer pelo corpo clínico, quer pela sociedade. Precisamos de ajuda para lidar com a vergonha de nos sentirmos incapazes e infrutíferos e a culpa, aquela sensação de se calhar fizemos algo de errado. Mesmo da gravidez do Simãozinho, magoou-me ouvir até ao 3º mês que o meu filho era um feto, como se não fosse uma pessoa, era uma "coisa" sem personalidade jurídica. Era o meu bebé, o meu filhinho amado e chamavam-no de feto.
Quando em Maio de 2011 recorri ao Hospital de Cascais sabendo que algo estava mal com o meu bebé, mandaram-me para casa porque eu estava era a menstruar. Não viam nada na eco de então, não estava grávida. Eu tinha uma análise feita no Laboratório Germano Sousa que dizia o contrário. No dia seguinte, como piorava, recorri de novo ao Hospital. Encontrei um anjo nesse dia! A minha querida obstetra que me acompanhou na gravidez da Beatriz, ao ver o meu nome foi receber-me ao corredor e cai nos braços dela a chorar. Dra. Lurdes Gonçalves, é uma querida. Ela fez o que deveria ter sido logo feito: análises para medir a HCG. Ela confirmou o que eu sabia, que estava grávida sim mas, pelos valores, eu estava a perder o bebé. Internou-me logo e começou um dos dias mais dolorosos que vivi até hoje. Ela nunca lhe chamou feto, era o meu bebé. Era o irmão da Beatriz, a afilhada dela. A minha médica é objetora de consciência no que toca à interrupção voluntária da gravidez. Ela disse-me que a vida dela era dedicada a fazer de tudo para que os bebés nascessem e não o contrário, muito menos com a ligeireza que se fazia hoje em dia. Admiro-a muito por isso e por muito mais. Agradeci-lhe muito e agradeço-lhe ainda hoje. Ela está actualmente na Maternidade do Hospital São Francisco Xavier por essa razão não me seguiu desta vez. É muito duro estar na maternidade a perder um bebé, rodeada de grávidas. É muito duro não ser ali disponibilizada ajuda psicológica, como está de resto previsto, mas não é cumprido por falta de verba. Está previsto que todas as mulheres sujeitas a uma interrupção voluntária, ou involuntária da gravidez devem em teoria ser observadas por um psicólogo. Não são. É muito duro ver o nosso sonho ir, literalmente, parar à retrete e não ser tratado com a reverência que merece. É verdade que não tivemos tempo de criar laços ou afinidade mas, já existe um amor tão grande, uma expectativa, uma esperança que morrem ali, com ele. Já não falando em casos que conheço, em que a perda se dá num estado muito avançado. Não temos em Portugal, infelizmente, esta cultura e este respeito.
Só porque até às 12 semanas é considerado um embrião e como tal dispensável para muitos, não quer dizer que eu não o considere um ser humano.


Simão 6 semanas 6 dias
Esta é a primeira ecografia que fiz do meu Simão, com 6 semanas e 6 dias. Na imagem de baixo é o bater do coração que se vê. Estava vivo! Foi com esta imagem que dei a noticia à Beatriz. A primeira foto do mano. Ela chorava e ria ao mesmo tempo! Foi tão emocionante! Querida filha! Tão amada que tive medo de não conseguir amar mais alguém tanto como a ela. Mal eu sabia que o coração de mãe cresce e cresce, e o seu amor também, cresce tanto que dá para todos os filhos!

O que partilho hoje tem uma intenção. Faço aqui um apelo: Se conheces alguém que passou pelo que eu passei, só porque a sociedade resolveu ser insensível, não sejas tu também. Valoriza, apoia e acarinha quem sofreu essa perda que pode ser devastadora. Por outro lado se tu mesma passaste por algo assim, sabe que Deus nunca nos abandona, tudo tem um propósito por impossível que pareça, Ele está connosco e chora connosco. Sabe que o teu filho está ao pé de Jesus e que um dia, podes conhecê-lo(a). Eu tenho essa esperança e essa certeza. Hoje sou mãe não de 2 mas de 3 filhos e mesmo sem o conhecer, amo-o tanto!

Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.
Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra.
Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia.

Salmos 139:14-16


Foto minha por @Jandy Lopes

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Vamos perder peso?

Peso na minha gravidez

Se eu não tivesse perdido 12 quilos e começado a fazer exercício físico todas as semanas, eu nunca teria suportado uma gravidez de alto risco. Percebo hoje que foi Deus que desde a campanha 40 dias com propósito, me inspirou a preparar-me fisicamente para resistir a 7 meses de baixa em casa, 2 deles de repouso absoluto os restantes de repouso moderado. Foi muito duro quer física, quer emocionalmente. Fui muito abençoada em alguns aspectos: Náuseas foram mínimas e diabetes desta vez não tive. Foi muito bom, sim mas foi assim que engordei 23 quilos. Comi tudo o que me apetecia, dei-me a esse direito. Afinal não é todos os dias que engravidamos aos 44 anos... Claro que neste momento estou arrependida mas na altura, não queria que faltasse nada ao meu bebé. Só que ele nasceu com 3,350 quilos e tudo o que eu comi, ficou comigo...bem nem tudo. 10 dias depois dele nascer eu já tinha menos 11 quilos perdidos com ele, placenta, sangue e líquidos etc e tal, e sim desta vez fiz muita retenção. Nesta altura basta fazermos a matemática, voltei quase à estaca zero, quase! agora tenho outro conhecimento do meu corpo que na altura não tinha. Acho que estou em vantagem. Já voltei ao meu regime com cuidado por causa da amamentação. Já agora dizem que amamentar emagrece... a mim nunca pois tenho sempre muita fome.. Mas já estou na luta!... Noto o meu metabolismo fraquinho, fraquinho! o que é natural e vem na sequência da gravidez. É sobretudo uma questão hormonal. O corpo conserva as gorduras para salvaguardar a alimentação do bebé.

Regras para comer

Acredito que uma dieta é para fazer para sempre, e por isso não devemos nem ser radicais, nem comer alimentos que não gostamos. Também acredito que podemos aprender novas formas de cozinhar e que o nosso paladar pode melhorar e aprender novos sabores. Também acredito que ninguém emagrece sem passar uma fomeca! Deixemos-nos de ilusões, se não fecharmos a boca e dissermos "não", não perdemos peso.

Regra nº 1: Se tiveres fome, bebe água porque pode ser sede.
Dá vontade de rir mas é verdade! A sede pode manifestar-se com aquela sensação de "apetece-me comer qualquer coisa mas nem sei o quê", pois não é comida, é águinha mesmo!
Regra nº 2: Comida deve ser o mais colorida possível. O mais colorida também é o mesmo que dizer mais apelativa ao olhar, porque os olhos também comem.
Regra nº 3: Devemos comer os alimentos o mais perto possível do seu estado original. Quanto mais cozinhamos o alimento e mais lhe juntamos molhos e condimentos, mais calórico e menos saudável.
Regra nº 4: Se estás sempre com fome são aconselháveis 5/6 pequenas refeições por dia. Por 3 motivos: Trazem um aporte calórico equilibrado durante o dia; evitamos os períodos de grande fome, quando normalmente se cometem os grandes erros alimentares; aceleramos um pouco o metabolismo. Se passas muitas horas sem comer e com fome, o teu organismo retrai-se e conserva as gorduras. Não as gasta porque pensa que vai precisar delas mais tarde. Se não, 2 a 3 são suficientes. Deixa o corpo ditar o numero. Se não tens fome, não comas.
Regra nº 5: Limpeza na dispensa e frigorífico. Amigos, longe da vista, longe do coração! Deitem fora tudo o que vos faz mal. E não vale batota como mergulhar o dedo na Nutella da filha (eu já fiz...upsss!)


Que dieta escolher?

Eu inspirei-me na Dieta Paleo. Esta dieta proíbe 3 grandes grupos de alimentos: Farináceos; Lacticínios e Açucares. Reparem bem no que implica, por si só, retirar da dieta diária estes 3 grupos da comida. O enorme numero de calorias que deixávamos de ingerir.
Como existem muitas variáveis da Dieta Paleo, a minha também tem alternativas. Podemos procurar as que mais se adaptem à nossa forma de comer. Foi o que fiz.
Farinhas, não há duvidas pois não? Adeus pão! Lacticinios eu como os fermentados: queijo e iogurtes naturais. Açucar, adoço com pouco mel e às vezes frutose. Entrem no link que sugeri e podem procurar outros pois há muita informação. A Paleo também elimina o café e as leguminosas. O café bebo 1 por dia e leguminosas como 1 refeição de 2 em 2 semanas. Claro que de vez em quando como arroz ou batata frita. Também como um bolo mas este apenas em dias de festa. Também os cozinho aliás, cozinho muita coisa que não como. Enquanto a família come arroz, eu como salada ou legumes por exemplo. Mas eles alinham comigo a maior parte das refeições. Sopa? sempre! mas sem batata, ok?! Recordo que eu escrevi que me inspirei, não disse que sigo à risca. A Paleo defende o consumo de carne, peixe, marisco e ovos mas tudo de animais criados em pastos, ao ar livre e/ou de uma forma sustentável. Isto vai ser possível no nosso pais a médio prazo, eu acredito que para lá caminhamos. O custo deste tipo de alimentos é ainda hoje muito alto por isso opto pelo meu talho de confiança e no peixe aproveito sempre as promoções mas consumo, confesso, alguns peixes de aquacultura. E é isto amigos! Não há segredo nenhum. Tudo às claras. Vocês podem escolher outro tipo de dieta: Vegetariana ou Vegana mas, não o façam sozinhos. Procurem especialistas para aprenderem a fazer refeições equilibradas.
E breve darei receitas com fotos e dicas sobre os chamados super alimentos.


Truques para lidar com o apetite

Eu uso vários truques pois, sejamos sinceros, nas primeiras semanas custa imenso. Sentimos muita fome, muita ansiedade e dores de cabeça e é aquele período em que não se vêm resultados na balança. Por balança. eu não me peso todos os dias. Peso-me num dia especifico da semana, de manhã em jejum e sem roupa. É normal não vermos o peso baixar antes de 15 dias, mesmo se fizermos tudo certinho. 
A comida não deve controlar-te, tu é que deves controlar o que comes.

1º Truque - Pensar sempre antes de comer. Mais do que truque este é uma máxima! No caminho para o restaurante decido sempre o que NÃO vou comer e peço alternativas saudáveis. Comer tem de ser uma actividade mental e não emocional. Em casa a mesma coisa. Quando planeio o jantar para eles preparo sempre um acompanhamento para mim. Por ex. costumo cozer legumes variados para ir usando ao longo de +/- 4 dias. (couve; couve-flôr, bróculos, cenoura, nabo) assim não me apanham desprevenida.
2º Truque - Beber água sempre que sinto fome. Pode ser sede mesmo e que não seja, adiamos o apetite mais um pouco. Não preciso de falar dos enormes benefícios da água, pois não? Se és daquelas estranhas criaturas que não gostam de água, bebe tisanas. Se não queres comprar as do mercado: Luso sabores ou o Pleno Tisanas, faz 2 litros do teu próprio chá, sem açúcar (excepto chá preto e verde) e deixa-o arrefecer e vai bebendo ao longo do dia.
3º Truque - Comer sempre sentada à mesa. Comecei a fazer isto logo ao pequeno almoço, o que não acontecia até aí. Resultado: de manhã temos logo um tempinho de qualidade em família, e é muito mais fácil  planear e controlar o que comemos.
4º Truque - Comer em pratos pequenos. Este é velho mas resulta. Dá a sensação que comemos muito.
5º Truque - Quando sentires fome fora das refeições que planeaste lava os dentes. Isto envia uma mensagem ao cérebro de que já terminaste de comer, o mesmo para logo após as refeições. Assim melhoras a tua higiene oral e tudo!
6º Truque - Mastiga pelo menos 20/30 vezes cada garfada. O estômago demora cerca de 30 minutos a informar o cérebro de que já comeu. Assim ganhas tempo. Parece-te difícil? experimenta entre cada garfada pousares os talheres. Com companhia é mais fácil porque conversamos.

Que exercício fazer?

Para a semana vou dar-vos receitas, até lá: pensem numa actividade física que gostariam de fazer. Eu comecei a fazer aquilo que gosto que é correr. Comecei por caminhadas vigorosas. Nada de passear e apanhar flores, é caminhada dura e rápida mesmo!
Resumindo: É impossível perder peso se o numero de calorias ingeridas for igual ao numero de calorias gastas. Se comermos mais, engordamos, se comermos igual, mantemos. Temos de ingerir menos do que consumimos e o exercício ajuda a gastar o excesso acumulado para alem de que estimula o metabolismo.
Somos como uma máquina enferrujada que custa a arrancar mas é preciso iniciar o caminho que logo, logo vamos conseguir. Não desistam sem experimentar! Nós conseguimos!

Foto minha por @Jandy Lopes

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Tudo sobre comer demais


As vossas reacções à ultima publicação foram surpreendentes e deixaram-me muito comovida! Não estou sozinha! Há mais como eu a lutar contra excesso de peso emocional. Vim aqui rápido dar-vos mais umas dicas importantes. Hoje foi dia de pediatra e vacinas para o Simãozinho e ele está muito chorão, coitadinho! Precisa de muitos miminhos.

Na minha opinião é muito difícil lidar com o "vicio" de comer demais. Poucos compreendem o que passamos, a nossa luta, os sentimentos de culpa, a impotência que sentimos. O que nos doí ouvir amigos e família constantemente: estás mais gorda! É cruel e revela muita insensibilidade! Nunca o façam a ninguém, por favor! Hoje sou eu, amanhã podes ser tu.
O texto de hoje vai talvez ser um pouco mais duro porque vou abordar vários aspectos com muita frontalidade e transparência, como convém a quem quer tratar um problema pela raiz. Peço que compreendam a minha postura que quer ser tudo menos acusatória. Exactamente porque já chega de dedos apontados é que quero partilhar convosco a minha experiência. Ninguém que come demasiado por motivos emocionais conseguirá algum dia levar a cabo um regime alimentar, que o faça perder peso, sem reconhecer os pontos críticos e aprender a lidar com eles.


Viciados em comida

A comida pode atuar como uma droga e tal como as drogas é muito difícil conviver com esta dependência. Já vos disse que comer dá prazer? Pois dá e muito! Em inglês até existe o termo comfort food (comida de conforto). Senão vejam comigo; Tal como outros comportamentos viciantes, quem come demais está muitas vezes em negação. Dizemos sempre comer muito menos do que efectivamente comemos e não estamos a mentir deliberadamente mas, temos mesmo uma ideia distorcida do que realmente ingerimos. Dizemos frases como: eu até engordo do ar; ou são os medicamentos que tomo que engordam.
A verdade nua e crua é que quando eu como demais nunca confesso tudo o que como. Omito muita informação inclusive aos médicos. Quando como demais como muitas vezes às escondidas, ou seja, socialmente como até moderadamente mas sozinha, a conversa é outra. Já para não falar da parte emocional que está na base do problema. A minha abordagem implicou que eu começasse a tratar a comida como uma droga e com muito cuidado. Não me levem a mal, eu não estou a tratar estas dependências com ligeireza ou falta de sensibilidade, longe disso! Percebam por favor. Eu acredito que se é verdade que poucos morrem por comer demais, também é verdade que este problema é negligenciado e tratado ao contrário. Isto porque, agora pensem comigo; quem teve vicio de fumar, deixou de fumar e sabe que nunca mais pode fumar um cigarro; quem teve o vicio de beber e deixou de beber sabe que nunca mais pode beber um copo. E quem tem o vicio de comer? Deixou de comer??? Não pode, não é?! Não é uma opção!... Vamos ter de lidar com comida para o resto da nossa vida. Vai ser sempre uma tentação e por isso temos de estar sempre em estado de alerta máximo.
Há vários mitos aos quais eu me agarrei ao longo dos anos e vou de seguida falar sobre eles.


Medicamentos engordam?

Há um mito comum sobre os medicamentos que engordam: Corticoesteroidespílulas anticoncepcionais, hipertensores e antidepressivos são os principais grupos. 
Convém esclarecer que não existe mais nenhuma forma de engordar que não seja através da ingestão de calorias. Um comprimido não é suficientemente calórico para engordar. Se engordamos é porque simplesmente comemos demais. Esclarecido isto, esta é uma desculpa na qual muitas de nós nos apoiamos tipo muleta. Ai o que ela disse!... eu explico: Os medicamentos que vos falo provocam 3 efeitos secundários que podem levar a um aumento de peso e como lidar com isso:
- Aumento do apetite
Este é o principal causador do aumento de peso. Se à partida sabemos que o antidepressivo ou medicamentos hormonais que tomamos provoca este efeito devemos consultar o nosso medico assistente para ver uma alternativa e até lá, convém não nos deixarmos ir na onda e reduzir as calorias que ingerimos.
- Retenção de líquidos. Cuidado que líquidos não são gorduras. Há aqui limites na quantidade de líquidos que o organismo tem capacidade para reter. Não retemos assim sem mais nem menos 10 a 20 quilos em líquidos. Se não existirem aqui alternativas, por exemplo, à cortisona ou consultamos o médico para ver se nos pode prescrever um medicamento que ajude a não reter tantos líquidos ou temos mesmo de apostar em consumir alimentos diuréticos. Eu perdi os 12 quilos enquanto tomava diariamente a minha bomba de cortisona uma vez que sou asmática.  
- Diminuição da velocidade do metabolismo.
Nos medicamentos para a hipertensão, por exemplo, este efeito secundário é frequente. É conveniente falar com o vosso médico pois mais uma vez, estamos a falar de medicação. Estes medicamentos podem provocar uma letargia e um cansaço que só apetece ficar no sofá o dia inteiro. 
Resumindo: Para quem toma um ou mais destes medicamentos, não há nada como abordar directamente o clínico e solicitar que vos prescreva, se possível, o mesmo tipo de medicamento mas sem estes efeitos secundários. Quando tal não é possível então temos de ter um cuidado acrescido com os 3 efeitos que mencionei. Nunca aceitem tudo sem questionar. Perguntem aos vossos médicos e discutam opções e alternativas.

Como sei que estou a comer a mais? 1º Exercicio

Pessoalmente, acho muito útil antes de começar qualquer regime, fazer um diário com tudo o que como e bebo. E não podemos fazer batota. É tudo mesmo! Desde os sumos, cafés, pacotes de açúcar, snacks, etc. Se o fizerem, ao fim de cada dia façam este exercício: coloquem-se, com o diário, em frente à vossa mesa da cozinha ou da sala e visualizem naquela mesa tudo o que comeram durante o dia. Se conseguirem contar as calorias, melhor. Garanto que pode ser assustador! A pergunta que eu fiz foi: Preciso mesmo comer tudo isto? Claro que não! Só assim vamos enfrentar a realidade e ter a percepção do que realmente consumimos. Saber a verdade sobre ti mesmo, não é fácil, mas é imprescindível.
Por fimFaçam sempre análises hormonais. Há distúrbios emocionais que são resultado de uma disfunção hormonal, principalmente em fases pré-menopausa. Façam checkups com regularidade e falem abertamente com o vosso médico sobre tudo o que vos preocupa em termos de saúde física e/ou emocional.
E por hoje fico por aqui! Foi duro não foi?! Vamos respirar fundo e começar assim, com passinhos de bebé a nossa caminhada para uma vida saudável e em verdade. Saber a verdade sobre mim, não foi fácil mas, como sempre, a verdade pode ser muito libertadora, não acham?
Beijinhos e obrigada por me lerem!

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Tirar um peso de cima

Peso e Gravidez

E impossível falar da minha 2ª gravidez sem falar na minha perda de peso.
Perdi 12 quilos desde Março até Setembro altura em que engravidei. Perdi, mas agora eles encontraram-me... mas não vai ser por muito tempo e os motivos foram os melhores!
Fiquei a saber já estava grávida do Simãozinho, que as alterações na minha alimentação e estilo de vida contribuíram grandemente para que engravidasse sem recurso a ajudas. 
Quando engravidei fui várias vezes questionada se o meu filho era resultado da menopausa ou de algum tratamento de fertilidade. Nem um nem outro. Quero aqui ser muito transparente acerca disso. Poderia ser e não vinha mal nenhum ao Mundo por isso, mas não! O meu filho não nasceu por acidente. Foi programado com supervisão médica. Agradeço muito à minha médica GO, Dra. Isabel Grilo, por toda a força e apoio que sempre me deu. Se não fosse ela em Junho a garantir-me que eu reunia todas as condições para gerar um bebé saudável e poderia perfeitamente ter uma gravidez normal, e que ela estaria sempre presente para que tudo corresse bem, e esteve mesmo, eu não teria arriscado a minha vida e a do meu menino.
Também não foi preciso qualquer tratamento de fertilidade, se é verdade que em dada altura fomos considerados um casal infértil, verdade também é que deixámos de o ser, e estamos muito gratos a Deus por isso. Não tenho nada contra os tratamentos de infertilidade simplesmente sempre tive muito receio de os fazer. Admiro muito quem faz, acreditem! Vivi de perto o drama de uma amiga que mês após mês lidava com a frustração e a tristeza de ver o seu sonho adiado. Chorámos muitas vezes juntas. Ela teve de esperar 9 anos pelos seus 2 milagres. Cheguei mesmo a comprar aquele cocktail enorme de hormonas e cai na asneira de ler as bulas... escusado será dizer que não tomei nada. Vi a palavra cancro escrita demasiadas vezes, e recuei. 
Tinha aqui de fazer este parêntesis para vos dizer que a minha perda de peso foi dos melhores factores potenciadores da nossa fertilidade, isto porque o Pedro no ano passado também perdeu peso e a nossa alimentação cá em casa mudou mesmo, para todos.

Comida emocional

Nesta altura, imagino, já todos estão à espera da receita, de uma lista de alimentos proibidos, etc. Seria natural que assim fosse... Peço desculpa se vos desiludo! Terão de esperar mais um pouco porque, primeiro, tenho de vos falar sobre a principal descoberta: A relação entre as emoções e a comida.
Pronto, já revelei o meu segredo: AS EMOÇÕES. A alteração do meu regime alimentar, começou no mesmo dia da campanha da ICMAV 40 dias com Propósito, inspirada no livro do Rick Warren Purpose Driven Life que é, há muito, um best seller de vendas em todo o mundo com mais de 30 milhões de cópias vendidas. Mais do que um livro é um devocional diário para ser feito em grupo e/ou família. Cá em casa por questões de disponibilidade fizemos os 3 em família e foi tremendo. Tenho um diário escrito sobre como semana a semana o devocional me impactou e me ajudou a encontrar o meu propósito na vida. Mas o que tem isto a ver com excesso de peso? Tudo! Porque o meu propósito tem a ver com a minha identidade, com quem eu sou.
Descobri que a minha relação com a comida nunca foi saudável. A comida comigo funciona como um vicio ou uma droga. É o meu refugio, o meu escape. Faz-me sentir confortada e como tal, dá prazer. Não é este o problema de todas as drogas, dar prazer?
Descobri que esse relacionamento disfuncional vem provavelmente da minha infância e do facto de até aos 5 anos ter sido muitas vezes forçada a comer e deixada sozinha à mesa por várias horas. Fez-me crescer a acreditar inconscientemente que comer fazia os outros felizes e parecia que me amavam mais, porque o contrário, não comer, fazia-os ansiosos e preocupados comigo. Isto não foi errado, os meus pais e a minha avó fizeram o melhor que sabiam. Só que hoje sou mãe, tenho um filho que não tarda vai começar a comer de colher e preciso não repetir certos comportamentos que até aqui considerava normais, como aplaudir a menina quando come tudo, fazer uma festa ao prato vazio, deitar foguetes, etc, e mesmo forçá-la a comer. Nunca forcei a Beatriz a comer mas incentivei e premiei, com o Simão, sei que vou melhorar.
Fiz no ano passado o exercício de me recordar todas as alturas da vida em que ganhei excesso de peso, e atenção, não estou a falar de 2 quilos que todos aumentamos nas férias, ou no Natal, não! Estou a falar de oscilações de mais de 10 quilos, vocês sabem do que estou a falar! Percebi que esses aumentos coincidiam com as minhas depressões e com fases de maior ansiedade na minha vida. Ansiedade a mim dá-me muita fome, ou compulsão de comer. Percebi que passava demasiadas horas por dia a pensar no que comer, o que comprar para comer, o que cozinhar para comer. Não era normal nem saudável.
Então, primeiro passo: Porque como? O que me leva a comer descontroladamente? Em que alturas da minha vida aumentei de peso? Que acontecimento importante esteve relacionado com isso? Este é o primeiro grande exercício no difícil caminho da perda de peso, amigos, não são os abdominais, nem as caminhadas o primeiro exercício, de todo! Não podemos começar pela parte física, mas sim pela mental/emocional. Tudo está na nossa mente e na nossa alma. Começar pela parte física e pelas dietas, é um erro porque estamos a começar ao contrário. 
Já agora, eu não acredito em dietas. Dieta é uma alteração temporária do nosso regime alimentar que vai também trazer resultados temporários. Tão óbvio não é?!...Se a dieta é temporária, como queres que os resultados não o sejam? Vamos ser honestos connosco mesmos, queridos. Também não acredito em comida em pacotes de um pó que se dilui em água. Não acho natural! Eu gosto demasiado de saborear os alimentos e de os cozinhar. Tenho TODO o respeito por essa industria de pessoas, técnicos e cientistas que trabalharam anos em fórmulas para emagrecer e que resultam, sem duvida que sim mas, é a minha opinião. Não uso nem aconselho esses métodos porque primeiro não é natural, segundo é temporário.

Comer demasiado, é pecado?

Por ultimo gostaria de partilhar um pensamento: Como cristã também revi se a minha relação com a comida estaria de alguma forma desagradando a Deus, se estaria a pecar cometendo excessos. Percebi que sim! Isto é algo que nunca ouvi pregar em anos, e são muitos, de igreja. Se calhar, fazia falta reflectirmos sobre isso. A relação entre a comida e a nossa espiritualidade. Os novos desafios da sociedade de consumo em que vivemos resultam que temos actualmente todo o tipo de alimentos disponíveis o ano todo. É facil comer em excesso. Eu fiz esse exercício e foi tremendo! Comia realmente mais do que precisava e assim estava a desperdiçar comida e recursos. Mas também percebi que sou amada por Deus, percebi o meu real valor e descobri assim a minha identidade e propósito. Já não preciso de me empanturrar para me sentir confortada. Digo-vos, foi muito doloroso porque no final deste exercício não me reconheci a mim mesma. Chorei muito! Perguntei, e agora?! Sentia-me deformada! 
Iniciei então com muita fé e esperança a minha caminhada na alteração dos meus hábitos. No evangelho de João cap.6 vs 27 diz: "Trabalhai, não pelo alimento que se perde, mas pela comida que permanece para a vida eterna, alimento que o Filho do homem vos dará; pois Deus, o Pai, colocou o seu selo sobre Ele.”
O texto de hoje é longo, mas era muito importante para mim fazer esta partilha. Não foi fácil expor-me mas espero sinceramente que alguém, quem sabe, se identifique e poderá com o meu testemunho começar a ser ajudado neste processo de cura emocional. Começa hoje o teu exercício! Começa por esta reflexão. Começa desde já a trabalhar a tua perda de peso.
Logo mais vou falar, sim, sobre a parte alimentar: exercícios, alimentos que estimulam o metabolismo, formas de cozinhar, etc.
Um excelente dia amigos! Até breve!

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Meu marido, meu principe


3 Outubro 1999
Faz hoje precisamente 18 anos estava em Tomar, no castelo dos Templários, quando o Pedro tira uma linda caixinha do bolso e me pergunta: "Queres casar comigo?" - Não me pediu para namorar, pediu o meu coração e um compromisso para a vida toda.
Um ano depois, no mesmo dia, estávamos a casar. 150 convidados foram testemunhas de todo o amor e devoção do meu marido, do meu príncipe.
Um mês depois acontecia o nosso primeiro milagre: estava um bebé a caminho... 3 meses antes de casarmos fomos à consulta de planeamento familiar. Nos meus exames detetaram níveis muito elevados da hormona prolactina. 3 vezes acima do máximo normal. Fiz uma TAC à cabeça 15 dias antes do casamento para ver se estava tudo bem com a minha hipófise e se o microadenoma não tinha voltado. Não havia sinal dele mas com níveis tão elevados foi-nos dito que dificilmente eu engravidaria e sendo assim nem valia a pena fazer qualquer método contaceptivo.
Deus tinha outros planos para nós!.. a 17 de Julho do ano a seguir nascia, de cesariana, a nossa princesa Ana Beatriz.
Hoje penso que talvez fosse melhor esperar antes de casar. Ou talvez não, nunca vamos saber... O que sabemos é que nem tudo correu bem, de facto correu muito mal.
Em 2004 o nosso conto de fadas terminava em divórcio, por opção minha, nunca do Pedro. Hoje sei que sempre pude contar não só com a sua amizade durante o tempo que estivemos divorciados, mas com o seu amor. Daquele tipo de amor que tudo suporta, sempre acredita e que sabe esperar com paciência.
Por vezes temos de, infelizmente, bater bem fundo, mergulhar no mais negro lodo da vida para valorizarmos os tesouros e riquezas que sempre tivemos diante de nós.
Faz hoje também 9 anos que voltámos a casar. Desta vez as testemunhas foram menos, mas foram preciosas. Algumas foram as mesmas pessoas que nos ajudaram a reerguer das cinzas e a reescrever a nossa história sem ponto final parágrafo.
3 Outubro 2007
Hoje, enquanto vos escrevo, tenho os meus 2 milagres sentadinhos no sofá, abraçadinhos num aconchego de amor fraternal que me trás lágrimas de alegria e gratidão!...O meu fofinho mais pequenino está quase a fazer 4 mesinhos, veio quando já não contávamos, mas ansiávamos e sonhávamos com ele!
Meu marido, serás sempre o meu príncipe, aquele que sempre vem em meu socorro, que sempre acredita e sempre espera o melhor de mim. Conheces o meu coração como ninguém e lês os meus pensamentos e antecipas os meus desejos. Tens essa capacidade hercúlea de aturares o meu mau feitio. És um guerreiro, um sobrevivente e para além disso tudo, és a pessoa mais generosa que conheço. Amo-te... Parabéns a nós!..

sábado, 1 de outubro de 2016

Gengibre - Parte 1

Gengibre, essa maravilha da natureza! Tenho tanto para partilhar com vocês sobre esta raiz que vou dividir em duas partes. Hoje vou contar-vos como o uso terapeuticamente, no próximo vou mostrar como o uso na culinária, pode ser?
O gengibre tem caracteristicas fantásticas que poderão ler no link. Não me lembro porque decidi começar a comprar essa raiz mas apaixonei-me por ela e tenho sempre em casa já há alguns anos nas suas três formas: Fresco, cristalizado e em pó.
O uso terapeutico é muito abrangente e é sobre isso que vos falo hoje.

Náuseas na gravidez? Tive muitas na gravidez da Beatriz. Na verdade tive enjoos desde a 7ª semana até à 38ª quando ela nasceu. Enjoos é apelido! Eu vomitava mesmo! Era insuportável! Não havia Nausefe que me valesse.
Na gravidez do Simão foi tudo muito suave. Enjoei pouco e apenas durante umas 3 semanas. Aqui entrava o gengibre cristalizado e era "tiro e queda"! Comia um pedacinho, pouco a pouco. Assim que tocava no estômago, começava a sentir um alivio progressivo.
O mesmo para quem sofre de problemas de estômago, azia e outros disturbios digestivos. Existem estudos que comprovam que o uso de gengibre inibe os sintomas da bactéria Heliocobacter Pylori, que metade dos portugueses têm e nem sabem. Eu tenho e vivo com isso.
O gengibre cristalizado tem um sabor muito mais suave que o fresco. Encontram-no facilmente nas grandes superfícies ao pé dos frutos secos e desidratados. Eu prefiro o do Celeiro porque é biológico.
Meninas grávidas, que sofrem de enjoos: Gengibre. Também sugiro chuparem uma pedra de gelo, ou que tal um geladinho??? Sorbet que tem menos calorias. 
Outro uso que dou ao gengibre é nas constipações, tosse e crises alérgicas. Como sabem na gravidez o uso de medicamentos está interdito e/ou é muito limitado e apenas com indicação médica. Por essa razão os produtos naturais, desde que eficazes, são muito bem vindos. 
Deixo-vos a minha receita que faço especialmente à noite e isto é muito importante porque deve mesmo ser a ultima coisa que fazemos antes de nos deitarmos. De outra forma não faz o mesmo efeito. Cá vai: Ferver durante 2 minutos, no equivalente a uma chávena de água, 1 casca de limão com 2/3 rodelas fininhas de gengibre com pele e tudo. Deitar numa chávena e misturar 1 colher de chá de mel. Agora o mais importante: beber esta infusão o mais quente que suportarem, de preferência já sentadinhas na cama, depois tapem-se até às orelhas e nada de se destaparem, nem que transpirem!... Muito bom!
Só me falta dizer como conservo o gengibre fresco: compro a raiz, parto em pedaços pequenos, guardo numa caixa no congelador. Vou retirando os pedaços à medida que vou precisando. Fácil, não?!
Gostava muito de ver as vossas sugestões e contem, já agora, que outro uso terapeutico dão ao gengibre.
Já sabem, próximo texto vou contar como o uso na cozinha. Vou falar de dietas e regimes alimentares. Ui, isto promete!..