O termo Alto Risco não significa que representamos um perigo para quem nos rodeia muito embora, no meu caso, não estava muito longe da verdade...
Eu não fui uma grávida nada, nada fácil para os de casa!
Tiro o chapéu ao meu marido e à minha filha que foram uns santos por me aturarem.
Foi muito difícil para mim ficar em casa. Descobri que sou muito mais activa do que pensava ser. Sofri com a falta que trabalhar todos os dias me fazia, e eu não sabia. Preciso mesmo da minha rotina e da minha independência. Ser dependente é horrível! E eu fui absolutamente insuportável porque queria que tudo continuasse a ser feito em casa do meu jeito. Nada mais errado. Esta necessidade de controlar os outros prendia-se com o facto de não conseguir controlar o desenrolar da minha gravidez.
Foram meses de repouso, alguns sem poder fazer a cama, nem a comida, nem estender a roupa. Não podia fazer nada por mim nem pelos outros. Tudo gestos e hábitos adquiridos e banais que tomamos por garantidos.
Passava o dia a ler e a ver noticias. Estive em casa durante os dois atentados. O de Paris e o da Bélgica. Já me estava a fazer mal, fartava-me de chorar até que o Pedro me proibiu de ver noticias.
A solidão que senti durante os 7 meses que fiquei em casa foi imensa e engoliu-me inteira. Nunca me senti tão isolada de tudo e todos. Os contactos eram basicamente telefónicos. A falta de toque humano, os "olhos nos olhos" foi muito, muito sentida.
E o sol... a falta que o ar livre me fez! Sou mesmo "galinha de campo"! Foi um inverno tenebroso cheio de medos e inseguranças mas também cheio de esperança. Enquanto as semanas iam passando a conta gotas, ia imaginando o meu bebé a crescer. Falava com ele, riamos juntos, orávamos, ouvíamos musica e também chorávamos juntos.
Tive medo de ficar burra, emperrada e destreinada e com pouca destreza mental. Numa conversa com o meu amigo Danilo, ofereci-me para o ajudar voltando a trabalhar no ministério Celebrando Restauração a partir de casa. Tinha feito uma pausa sabática para me dedicar à minha família de casa e dediquei-me tanto, tanto que veio um bebé.
Foi assim que comecei a supervisionar e a apoiar os facilitadores de 3 Grupos de Apoio e Auto Ajuda. Senti-me novamente útil e relevante. Fez-me muito bem iniciar este trabalho que faz parte do meu propósito de vida.
Orávamos sempre pelo Simão Pedro em família, primeiro o Pedro, depois a Ana Beatriz. Sempre me comovia ouvi-la dizer em voz alta: Senhor abençoa o meu irmão. Que sorte aquele rapazinho ia ter, que irmã tão especial, que ser humano lindo eu tinha diante de mim. Que coração, que sensibilidade, que elegância tem a minha filha, a minha princesa. Tantas vezes me pediu um irmão, cheguei a sentir-me culpada e sem ter culpa nenhuma!
Sou feliz por realizar o sonho da nossa família e é tão bom sonharmos juntos, num mesmo propósito, em amor.
Hoje sinto que a gravidez passou num ápice, sem sobressaltos de maior já para o fim e o meu menino já está connosco, lindo e saudável.
Ainda choro muito quando o tenho nos meus braços a dormir. Pergunto a Deus como este milagre aconteceu? Olho para ele e ainda me parece um sonho, acreditem! Pergunto-lhe se ele gosta desta mamã, ou se preferia outra? (riso) Digo-lhe todos os dias o quanto o amo, o quanto esperei por ele, que ele me foi enviado do céu, com amor. Já lhe contei que lhe chamava estrelinha da mamã e das inúmeras vezes que lhe pedi: agarra-te à mamã estrelinha, não vás embora! Obrigada filho por teres ficado comigo!
Durante meses a voz secou-me na garganta. Não era a primeira vez que me acontecia. Em momentos de grande stress e tristeza deixo de cantar. Não sai!
Tanta solidão e alguma tristeza também deixaram as suas marcas em mim e hoje, quando vos escrevo, ainda recupero emocionalmente com calma, com lucidez e consciente dos meus sentimentos. Não estou deprimida mas tenho momentos depressivos e já estou a receber ajuda porque sei há muito que sozinha não vou muito longe.
Hoje canto muito! Canto, danço, rio e choro ao mesmo tempo. O Simãozinho já está a habituar-se a uma mãe mais divertida e cada dia mais enérgica! Há uma musica que me acompanhou e me deu muita, muita força num momento muito mau e que partilho aqui com vocês: O melhor de mim, cantado pela Mariza mas a letra não sei se sabem, é do Boss AC.
Obrigada a todos os que ficaram do meu lado, que mantiveram os laços, que investiram tempo, orações e carinho, vocês sabem quem são.
Beijinhos e obrigada por me lerem!
Foto minha por @Jandy Lopes
Eu não fui uma grávida nada, nada fácil para os de casa!
Tiro o chapéu ao meu marido e à minha filha que foram uns santos por me aturarem.
Foi muito difícil para mim ficar em casa. Descobri que sou muito mais activa do que pensava ser. Sofri com a falta que trabalhar todos os dias me fazia, e eu não sabia. Preciso mesmo da minha rotina e da minha independência. Ser dependente é horrível! E eu fui absolutamente insuportável porque queria que tudo continuasse a ser feito em casa do meu jeito. Nada mais errado. Esta necessidade de controlar os outros prendia-se com o facto de não conseguir controlar o desenrolar da minha gravidez.
Foram meses de repouso, alguns sem poder fazer a cama, nem a comida, nem estender a roupa. Não podia fazer nada por mim nem pelos outros. Tudo gestos e hábitos adquiridos e banais que tomamos por garantidos.
Passava o dia a ler e a ver noticias. Estive em casa durante os dois atentados. O de Paris e o da Bélgica. Já me estava a fazer mal, fartava-me de chorar até que o Pedro me proibiu de ver noticias.
A solidão que senti durante os 7 meses que fiquei em casa foi imensa e engoliu-me inteira. Nunca me senti tão isolada de tudo e todos. Os contactos eram basicamente telefónicos. A falta de toque humano, os "olhos nos olhos" foi muito, muito sentida.
E o sol... a falta que o ar livre me fez! Sou mesmo "galinha de campo"! Foi um inverno tenebroso cheio de medos e inseguranças mas também cheio de esperança. Enquanto as semanas iam passando a conta gotas, ia imaginando o meu bebé a crescer. Falava com ele, riamos juntos, orávamos, ouvíamos musica e também chorávamos juntos.
Tive medo de ficar burra, emperrada e destreinada e com pouca destreza mental. Numa conversa com o meu amigo Danilo, ofereci-me para o ajudar voltando a trabalhar no ministério Celebrando Restauração a partir de casa. Tinha feito uma pausa sabática para me dedicar à minha família de casa e dediquei-me tanto, tanto que veio um bebé.
Foi assim que comecei a supervisionar e a apoiar os facilitadores de 3 Grupos de Apoio e Auto Ajuda. Senti-me novamente útil e relevante. Fez-me muito bem iniciar este trabalho que faz parte do meu propósito de vida.
Orávamos sempre pelo Simão Pedro em família, primeiro o Pedro, depois a Ana Beatriz. Sempre me comovia ouvi-la dizer em voz alta: Senhor abençoa o meu irmão. Que sorte aquele rapazinho ia ter, que irmã tão especial, que ser humano lindo eu tinha diante de mim. Que coração, que sensibilidade, que elegância tem a minha filha, a minha princesa. Tantas vezes me pediu um irmão, cheguei a sentir-me culpada e sem ter culpa nenhuma!
Sou feliz por realizar o sonho da nossa família e é tão bom sonharmos juntos, num mesmo propósito, em amor.
Hoje sinto que a gravidez passou num ápice, sem sobressaltos de maior já para o fim e o meu menino já está connosco, lindo e saudável.
Durante meses a voz secou-me na garganta. Não era a primeira vez que me acontecia. Em momentos de grande stress e tristeza deixo de cantar. Não sai!
Tanta solidão e alguma tristeza também deixaram as suas marcas em mim e hoje, quando vos escrevo, ainda recupero emocionalmente com calma, com lucidez e consciente dos meus sentimentos. Não estou deprimida mas tenho momentos depressivos e já estou a receber ajuda porque sei há muito que sozinha não vou muito longe.
Hoje canto muito! Canto, danço, rio e choro ao mesmo tempo. O Simãozinho já está a habituar-se a uma mãe mais divertida e cada dia mais enérgica! Há uma musica que me acompanhou e me deu muita, muita força num momento muito mau e que partilho aqui com vocês: O melhor de mim, cantado pela Mariza mas a letra não sei se sabem, é do Boss AC.
Beijinhos e obrigada por me lerem!
Foto minha por @Jandy Lopes











