segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Tudo sobre comer demais


As vossas reacções à ultima publicação foram surpreendentes e deixaram-me muito comovida! Não estou sozinha! Há mais como eu a lutar contra excesso de peso emocional. Vim aqui rápido dar-vos mais umas dicas importantes. Hoje foi dia de pediatra e vacinas para o Simãozinho e ele está muito chorão, coitadinho! Precisa de muitos miminhos.

Na minha opinião é muito difícil lidar com o "vicio" de comer demais. Poucos compreendem o que passamos, a nossa luta, os sentimentos de culpa, a impotência que sentimos. O que nos doí ouvir amigos e família constantemente: estás mais gorda! É cruel e revela muita insensibilidade! Nunca o façam a ninguém, por favor! Hoje sou eu, amanhã podes ser tu.
O texto de hoje vai talvez ser um pouco mais duro porque vou abordar vários aspectos com muita frontalidade e transparência, como convém a quem quer tratar um problema pela raiz. Peço que compreendam a minha postura que quer ser tudo menos acusatória. Exactamente porque já chega de dedos apontados é que quero partilhar convosco a minha experiência. Ninguém que come demasiado por motivos emocionais conseguirá algum dia levar a cabo um regime alimentar, que o faça perder peso, sem reconhecer os pontos críticos e aprender a lidar com eles.


Viciados em comida

A comida pode atuar como uma droga e tal como as drogas é muito difícil conviver com esta dependência. Já vos disse que comer dá prazer? Pois dá e muito! Em inglês até existe o termo comfort food (comida de conforto). Senão vejam comigo; Tal como outros comportamentos viciantes, quem come demais está muitas vezes em negação. Dizemos sempre comer muito menos do que efectivamente comemos e não estamos a mentir deliberadamente mas, temos mesmo uma ideia distorcida do que realmente ingerimos. Dizemos frases como: eu até engordo do ar; ou são os medicamentos que tomo que engordam.
A verdade nua e crua é que quando eu como demais nunca confesso tudo o que como. Omito muita informação inclusive aos médicos. Quando como demais como muitas vezes às escondidas, ou seja, socialmente como até moderadamente mas sozinha, a conversa é outra. Já para não falar da parte emocional que está na base do problema. A minha abordagem implicou que eu começasse a tratar a comida como uma droga e com muito cuidado. Não me levem a mal, eu não estou a tratar estas dependências com ligeireza ou falta de sensibilidade, longe disso! Percebam por favor. Eu acredito que se é verdade que poucos morrem por comer demais, também é verdade que este problema é negligenciado e tratado ao contrário. Isto porque, agora pensem comigo; quem teve vicio de fumar, deixou de fumar e sabe que nunca mais pode fumar um cigarro; quem teve o vicio de beber e deixou de beber sabe que nunca mais pode beber um copo. E quem tem o vicio de comer? Deixou de comer??? Não pode, não é?! Não é uma opção!... Vamos ter de lidar com comida para o resto da nossa vida. Vai ser sempre uma tentação e por isso temos de estar sempre em estado de alerta máximo.
Há vários mitos aos quais eu me agarrei ao longo dos anos e vou de seguida falar sobre eles.


Medicamentos engordam?

Há um mito comum sobre os medicamentos que engordam: Corticoesteroidespílulas anticoncepcionais, hipertensores e antidepressivos são os principais grupos. 
Convém esclarecer que não existe mais nenhuma forma de engordar que não seja através da ingestão de calorias. Um comprimido não é suficientemente calórico para engordar. Se engordamos é porque simplesmente comemos demais. Esclarecido isto, esta é uma desculpa na qual muitas de nós nos apoiamos tipo muleta. Ai o que ela disse!... eu explico: Os medicamentos que vos falo provocam 3 efeitos secundários que podem levar a um aumento de peso e como lidar com isso:
- Aumento do apetite
Este é o principal causador do aumento de peso. Se à partida sabemos que o antidepressivo ou medicamentos hormonais que tomamos provoca este efeito devemos consultar o nosso medico assistente para ver uma alternativa e até lá, convém não nos deixarmos ir na onda e reduzir as calorias que ingerimos.
- Retenção de líquidos. Cuidado que líquidos não são gorduras. Há aqui limites na quantidade de líquidos que o organismo tem capacidade para reter. Não retemos assim sem mais nem menos 10 a 20 quilos em líquidos. Se não existirem aqui alternativas, por exemplo, à cortisona ou consultamos o médico para ver se nos pode prescrever um medicamento que ajude a não reter tantos líquidos ou temos mesmo de apostar em consumir alimentos diuréticos. Eu perdi os 12 quilos enquanto tomava diariamente a minha bomba de cortisona uma vez que sou asmática.  
- Diminuição da velocidade do metabolismo.
Nos medicamentos para a hipertensão, por exemplo, este efeito secundário é frequente. É conveniente falar com o vosso médico pois mais uma vez, estamos a falar de medicação. Estes medicamentos podem provocar uma letargia e um cansaço que só apetece ficar no sofá o dia inteiro. 
Resumindo: Para quem toma um ou mais destes medicamentos, não há nada como abordar directamente o clínico e solicitar que vos prescreva, se possível, o mesmo tipo de medicamento mas sem estes efeitos secundários. Quando tal não é possível então temos de ter um cuidado acrescido com os 3 efeitos que mencionei. Nunca aceitem tudo sem questionar. Perguntem aos vossos médicos e discutam opções e alternativas.

Como sei que estou a comer a mais? 1º Exercicio

Pessoalmente, acho muito útil antes de começar qualquer regime, fazer um diário com tudo o que como e bebo. E não podemos fazer batota. É tudo mesmo! Desde os sumos, cafés, pacotes de açúcar, snacks, etc. Se o fizerem, ao fim de cada dia façam este exercício: coloquem-se, com o diário, em frente à vossa mesa da cozinha ou da sala e visualizem naquela mesa tudo o que comeram durante o dia. Se conseguirem contar as calorias, melhor. Garanto que pode ser assustador! A pergunta que eu fiz foi: Preciso mesmo comer tudo isto? Claro que não! Só assim vamos enfrentar a realidade e ter a percepção do que realmente consumimos. Saber a verdade sobre ti mesmo, não é fácil, mas é imprescindível.
Por fimFaçam sempre análises hormonais. Há distúrbios emocionais que são resultado de uma disfunção hormonal, principalmente em fases pré-menopausa. Façam checkups com regularidade e falem abertamente com o vosso médico sobre tudo o que vos preocupa em termos de saúde física e/ou emocional.
E por hoje fico por aqui! Foi duro não foi?! Vamos respirar fundo e começar assim, com passinhos de bebé a nossa caminhada para uma vida saudável e em verdade. Saber a verdade sobre mim, não foi fácil mas, como sempre, a verdade pode ser muito libertadora, não acham?
Beijinhos e obrigada por me lerem!

2 comentários:

  1. Obrigado por me ter respondido já ando por aqui e já a aprender muito

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    1. Que bom ser útil! Se achar bom, partilhe com outros, pode ajudar mais alguém.

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